Video Review – 007: A fase Sean Connery
Como fã de 007,
vivia com a vergonha de não ter assistido os filmes clássicos do agente
secreto. Papo de quem começou a acompanhar a franquia a partir da fase de
Pierce Brosnan. Foi necessária toda a expectativa para “007 Contra Spectre”, o 24º longa da série, que estreia no próximo
dia 5 de novembro para tomar vergonha na cara e corrigir essa falha. Começando,
obviamente, com a fase de Sean Connery.
E agora, divido esta experiência com vocês.
Sean
Connery é James Bond. Por
mais que se questione a qualidade dos primeiros filmes do agente secreto, lá
nos anos 60, fica bem claro que o escocês, hoje com 85 anos, criou a imagem que
temos do personagem. E olha que ele não estava entre os favoritos dos
produtores Albert R. Broccoli e Harry Saltzman para dar vida ao 007
(lista que já tinha Roger Moore).
O básico que temos como marca registrada de Bond já
estava nos livros de Ian Fleming.
Mas Connery foi em uma direção oposta da literatura para criar a sua versão do
personagem. Seu 007 tem um jeito largado, porém, que esbanja sofisticação.
Leve, debochado e malandro. Até a canastrice do ator faz bem ao agente secreto.
Tanto Bond como Connery foram evoluindo nos primeiros
filmes, chegando no auge no ótimo “007
Contra Goldfinger”, de 1964. Está ali a melhor representação do agente
secreto. Irresistível para as mulheres e letal para os inimigos.
O filme, aliás, traz algumas das principais características
que seriam adotadas na série, como a importância dos carros (na ocasião, o
clássico Aston Martin DB5) e os
capangas bizarros/carismáticos. Tanto que Oddjob
e seu chapéu abririam espaço para Jaws,
anos mais tarde.
Alguns elementos também seguem presentes desde o início,
como a trilha sonora. As músicas-tema (que merecem um post exclusivo) são
fantásticas e funcionam quase como um personagem. É impossível pular a
abertura, por mais que a parte visual, seja, digamos, um pouco tosca.
Já as Bond girls seguem mais importantes do que nunca (em
“Spectre” teremos a sempre deslumbrante Monica
Bellucci e Léa Seydoux, de “Azul é a Cor Mais Quente”). E tudo isso
graças a clássica cena em que Ursula
Andress sai do mar em “007 Contra o
Satânico Dr. No”. Na sequência, tivemos atrizes lindas, das quais eu
destaco Daniela Bianchi (de “Moscou Contra 007”) e Claudine Auger (“007 Contra a Chantagem Atômica”).
Aliás, é difícil entender a mania de dar nomes bizarros
para as mulheres. No primeiro filme, além da Moneypenny, temos Honey Ryder (a personagem de Ursula Andress). Já
a piloto de “Goldfinger” chama-se Pussy Galore.
Outra característica é o apelo global da franquia. Em “Dr.
No”, além da Inglaterra, Bond vai para a Jamaica e Trinidad & Tobago. Nos
filmes seguintes, para a Turquia, Itália, Suíça, Estados Unidos, França,
Bahamas, Japão, Holanda e Alemanha. Poucas pessoas tem um passaporte tão
carimbado como 007.
Os filmes são datados, mas isso não incomoda. O clima dos
anos 60 faz bem para a trama, dando uma certa leveza, e muitas vezes, inocência
para a história (o que é Bond entrando no hotel, preparando seu Martini batido,
não mexido, sentando e descansando?). Também não senti as tão faladas limitações
técnicas/orçamentárias. Pelo contrário, achei a produção muito boa.
O grande problema dos filmes dos anos 60 é o ritmo. Na
maioria das vezes, a trama se arrasta para chegar a lugar nenhum, casos de,
principalmente, “007 Contra a Chantagem Atômica” e “Com 007 só se Vive Duas Vezes”. Acredito que ir direto ao ponto e
cortar uma meia hora deixaria a produção mais acertada.
Já os vilões da fase Connery são totalmente caricatos,
representados pela organização criminosa Spectre (sigla, que em português significa
Executivo Especial para Contra-Inteligência, Terrorismo, Vingança, e Extorsão).
O líder Ernst Stavro
Blofeld (ou o antecessor do Dr. Evil, de “Austin Powers”) é o grande antagonista de Bond. E ao mesmo tempo, o
responsável pelas maiores risadas, já que tudo é exagerado. As bases, os
capangas, os planos. Nada faz muito sentido. Tanto que o melhor roteiro é justamente
o de “Goldfinger”, o único filme que não tem a Spectre como inimiga.
Em geral, são filmes que estão longe de serem perfeitos,
mas valem pelo ótimo protagonista e pelo valor histórico, este, inquestionável.
Fique ligado
Na próxima quarta é a vez da fase Roger Moore, com
review em texto e vídeo. “007 a Serviço
Secreto de Sua Majestade”, sexto filme da série, que se passa entre os
longas de Connery, será abordado junto com Timothy
Dalton, no dia 21.
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