O mercado de animes em home vídeo no Brasil – parte 3
Se pudéssemos resumir a trajetória da Playarte na
distribuição de animes em um gênero cinematográfico, certamente seria o terror.
A empresa já deu mostras do que viria pela frente ao ficar mais de um ano sem
lançar nada de Yu Yu Hakusho, lá em 2007. Nos anos seguintes, formou a imagem
que todos temos dela: uma empresa que não respeita o consumidor.
Dona dos direitos de algumas das principais produções da
atualidade como “Naruto”, “Bleach” e “One Piece”, além de clássicos do calibre
de “Dragon Ball”, “Z” e “Kai”, a Playarte se tornou sinônimo de dor de cabeça
para os fãs e colecionadores, já que o lançamento não é sinônimo de conclusão.
Após “Os Cavaleiros do Zodíaco” e “Yu Yu Hakusho”, a
distribuidora disponibilizou 12 títulos. Apenas um deles foi concluído. Logo um
que ninguém esperava. “Digimon Data Squad”, uma das séries mais inexpressivas
da franquia teve os 48 episódios lançados oficialmente no Brasil em 16 discos.
Apenas três episódios por DVD. Pelo preço de lançamento (R$ 29,90), a coleção
completa custaria quase 500 reais!
O olho grande da Playarte pode ser comprovado com “Naruto”.
Mesmo com a média de três episódios por disco, parecia que o xodó dos
brasileiros seria concluído. Parecia. Parou no episódio 156. Ou seja, quem
gastou uma pequena fortuna para comprar as 45 caixas de DVD (!!!) vai ficar com
a coleção incompleta. Enquanto isso, a empresa já se prepara para lançar a
continuação, “Naruto Shippuden”, série que já tem mais de 400 capítulos. Alguma
chance de ser finalizada? Você sabe a resposta!
“One Piece”, que
já passou do episódio 700, foi lançado apenas até o 19. “Bleach” ganhou um a
mais. O descaso da Playarte com essas produções é tão grande que muitos nem
sabem que as séries apareceram em DVD no Brasil.
Mas nem só de produções consagradas vive a empresa. A distribuidora
apostou em “Zatchbell” (que apesar de ter sido exibida pela Globo está bem
longe de ser um hit), “Megaman NT Warrior” e a praticamente desconhecida “Nadja”.
Moral da história, Playarte: Se os famosos não vendem, não é com os underground
que vocês terão sucesso!
A chance de redenção da empresa atende pelo nome de “Dragon
Ball”. Dona dos direitos dos clássicos de Akira Toriyama, a Playarte esboçou um
lançamento decente – pelo menos de DBZ e DB Kai, já que as primeiras aventuras
de Goku foram abandonadas após apenas 24 episódios (adivinhe quantos por
disco...).
Tanto a série Z quanto o remake foram lançados em três boxes.
DB Kai parou no episódio 54. DBZ foi até o 52. Tudo já lançado em Blu-ray nos Estados Unidos e no Japão. Aqui, não completa o DVD. E parece que parou por aí. Para
ter o anime em casa, na estante, o que o fã é obrigado a fazer? Bancar a pirataria.
Muitos vão dizer que a culpa é do fã, que não compra. Eu
concordo que o consumidor brasileiro de animes não costuma gastar – até porque
é, na grande maioria, formado por pessoas que não tem renda própria. Logo, é
muito mais fácil baixar (e reclamar) do que usar o dinheiro dos pais. A
empresa, porém, não deveria lançar um produto destes sem uma pesquisa de mercado.
E no momento que colocou o produto nas lojas, tem que ter a decência de
completar.
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