O primeiro evento geek
Ser nerd está na moda (!?), mas há uns 15 anos não era muito
legal, principalmente porque existia uma sensação de isolamento. Para encontrar
outros com os mesmos gostos, só pelo Orkut. Animes, RPGs para o PSone e o
cardgame do “Yu-Gi-Oh!” eram prazeres solitários, já que com 13, 14 anos, meus
amigos tinham outros interesses. Só grandes centros recebiam eventos do tipo,
como o Anime Friends, que nada mais era do que um sonho distante.
O tempo passou (e eu sofri calado) e me distanciei totalmente deste mundo (na
mesma medida em que ele cresceu). Dos filmes de super-heróis, peguei uma ou
outra reprise de “Dragon Ball” com a esposa (quando ela finalmente conheceu – e
até gostou do – Goku) até comprar o meu primeiro mangá em uns 15 anos, no caso,
“One Punch Man”.
Neste período, os eventos de cultura pop tornaram-se mais
frequentes, tanto que o Tanuki World Fest, em Criciúma, cresce a cada ano, mas
por algum motivo que nem eu sei, nunca conferi de perto. Até que fui convidado
para ir ao Capão Geek Fest, realizado na cidade onde eu cresci sem ter com quem
dividir os animes, RPGs e cardgames. E para minha alegria, a história está
totalmente diferente.
O evento, que chegou à terceira edição, foi realizado em
todo o segundo andar do Shopping Lynemar, e pelo menos até o meio da tarde, já
havia reunido mais de 500 pessoas de todas as tribos. Tinha a galera do
cosplay, dos animes, dos eSports, do cardgame e até aqueles que só queriam ver
que loucura era aquela. E tenho certeza que todos eles se divertiram bastante.
Além dos tradicionais estandes de venda (onde eu comprei
uma camiseta do "Dragon Ball" e namorei um funko do Goku Super Saiyajin), algumas
salas temáticas garantiam a alma nerd do evento. O espaço do Conselho Jedi
estava sempre cheio, com gente fazendo fila para tirar foto vestido como
personagem de “Star Wars” (com direito a sabre de luz e tudo).
A sala de “League of Legends” também estava movimentada,
ainda mais por ter sido no dia seguinte da decisão do campeonato nacional. Mais
afastado, mas excelente, estava o espaço dos Herdeiros da Sonserina, obviamente
dedicado a “Harry Potter”. A menina responsável pelo lugar era tão gente boa
que ficamos um tempão conversando com ela sobre a saga. Detalhe para o amigo
Cinemito, que ameaçou comprar os bottons, mas ficou só na vontade. Aliás,
surpreendentemente, ele conseguiu andar pelo evento sem ser assediado.
“A ideia era fazer algo para o pessoal aproveitar. Se não
tivesse esse evento, a maior parte das pessoas estaria em casa vendo TV. Era
uma demanda que tinha, só faltava esse start. O pessoal pegar, acreditar e
fazer”, revela o organizador do evento e proprietário da loja Dragontales,
Leonardo Ferreira.
Uma das coisas que eu achei mais bacana no evento foi
apostar nas pessoas da cidade e região. Enquanto a maioria investe para trazer
nomes de fora (como youtubers), o foco foi em valorizar os talentos dali. De
escritores até cosplayer profissional.
No momento em que escrevo, Danielle Vedovelli, de 26
anos, tem 572 mil curtidas na página do Facebook. Começou com um cosplay da
Tifa, do “Final Fantasy VII”, do PSone, e hoje viaja o país participando de
eventos.. “É muito legal ver que as pessoas reconhecem o personagem, pedem foto,
é muito gratificante, uma parte boa do trabalho”, conta Danielle, que se
prepara para ir ao México, Chile e Panamá neste ano.
Fiquei cerca de uma hora e meia lá, mas se pudesse, seria
mais tempo. De sugestão, fica apenas a ideia para manter uma atração central. Uma
espécie de “palco principal”. Palestras, shows, qualquer coisa para reunir o
pessoal.
Em geral, tenho só elogios, não apenas para a
organização, que soube respeitar as limitações do evento, mas mesmo assim
parece ter feito o máximo para caprichar, e também aos próprios participantes.
Tive a oportunidade de conversar com pessoas muito bacanas.
No mais, já fico no aguardo pela próxima edição, que será
realizada em dezembro!
Confira outras fotos do evento:
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