As estreias da temporada de séries
Não lembro qual foi a última vez em que eu peguei uma série
no início e segui ela semana após semana, regularmente. Chuto que foi “Lost”,
láááá em 2004. Desde então eu acompanhei vários pilotos. Na maioria dos casos, nem
passava deste primeiro episódio.
Nos últimos tempos, desencanei de vez das novas séries.
Para ter ideia, só fui assistir “Game of Thrones” e “The Walking Dead” neste
ano. Mas é hora de dar uma nova chance. Selecionei quatro dos pilotos que eu
julguei mais promissores. Eis o veredito:
Limitless
Como fã do filme estrelado pelo Bradley Cooper, estava
com medo da série, já que parecia ser mais um daqueles casos de caça-níquel.
Mas para a minha surpresa, a produção aproveita as pontas deixadas no longa de 2011
para expandir o universo.
Quatro anos após os eventos do filme, Eddie Morra, o
personagem de Bradley Cooper, é um dos homens mais influentes da América e o
NTZ, a droga que libera 100% da capacidade cerebral, segue nas ruas, o que
desperta ganância e violência. E a missão do novo herói, Brian Finch (Jake McDorman), é usar
estes poderes para o bem, ao lado do FBI.
A fotografia, um dos pontos altos do filme, é reproduzida de
maneira fiel. O “mundo normal” é retratado com cores frias, ganhando brilho no
momento em que a droga amplia os horizontes de Brian. As imagens que ilustram
as ideias do protagonistas também ajudam a contar a história.
O medo é que a série caia na armadilha do "caso do dia" e
perca o potencial. Pretendo assistir assim que tivermos uma temporada completa,
a não ser, é claro, que as críticas desandem, o que acho difícil neste momento.
Blindspot
Das estreias da temporada 2015/2016, Blindspot tem a
premissa que mais me interessou. A trama de uma mulher encontrada dentro de uma
mala, sem memória, e com o corpo coberto de tatuagens – que são pistas de
futuros crimes – chama a atenção. Mas ao mesmo tempo é a série mais limitada,
já que eu não aguento mais aquela história de caso do dia
Assim como na maioria das as séries policiais, os clichês
saltam pela tela. Temos a equipe do FBI etnicamente/culturalmente diversificada
(e um complementa o outro); a chefe durona, porém, de coração mole; e o líder
badass, que já sabemos, será o par romântico da protagonista.
Já Jane Doe é a versão feminina de Jason Bourne. E dá certo por que Jaimie Alexander parece
ter carisma (e competência) suficiente para levar o show, que também se destaca na parte
técnica. O capricho é grande no primeiro episódio. Seja nas imagens externas –
lindas – ou nos detalhes da tatuagem que cobre o corpo da personagem.
Provavelmente vou continuar assistindo. Não apenas porque
eu fiquei curioso para saber como Jane foi transformada em uma máquina de
guerra, o significado das tatuagens ou os planos com o FBI, mas também porque a
patroa já avisou. Parece ser um bom passatempo. Pena que tempo para ver novas séries
é algo que falta ultimamente (e só ver a velocidade com que eu tenho
acompanhado “Gotham”).
Scream Queens
Ame ou odeie. Sem meio termo. É desta forma que “Scream
Queens” deve ser encarada. Em primeiro lugar, acredito que seja impossível
assistir a produção sem levar em consideração o histórico do criador e a
proposta da série.
Ryan Murphy já mostrou sua falta de pudor em “Nip/Tuck”,
o gosto pelo sangue em “American Horror Story” e que sabe abraçar (e se
divertir com) os clichês dos adolescentes em “Glee”. Na primeira impressão,
“Scream Queens” parece ser uma mistura de todas as anteriores. Além de criar um
novo gênero: o terror besteirol.
Tudo na série é uma grande tiração de sarro dos eternos
clichês dos filmes de terror. A universidade, a fraternidade, a menina popular
que não tem nada na cabeça, a espertinha que sobrevive no final. O que todo
mundo já viu no gênero está presente até mesmo na parte técnica, com a câmera
que se aproxima devagar, fechando na expressão assustada dos personagens e o
grito exagerado. Aliás, tudo é extremamente exagerado. O que deixa a dúvida: é uma sátira ou uma piada sem graça?
A estreia da série foi dividida em dois episódios. No
primeiro são apresentados os elementos que irão nortear a temporada e os
personagens (sem carisma nenhum em primeiro momento). O capítulo seguinte serve
para elevar a caricatura com um pseudomistério do passado, várias mortes e uma
reviravolta que, admito, deixa uma certa curiosidade. Mas não o suficiente para
seguir adiante.
Tem um elenco interessante, com nomes como Emma Roberts,
Abigail Breslin (a Pequena Miss Sunshine cresceu e perdeu a graça), Lea Michele
e Jamie Lee Curtis. Mas as atuações são tenebrosas – e eu digo isso sem falar
dos momentos em que é para ser forçado. Ariana Grande, é, desde já, uma das
piores coisas que a televisão já viu.
É a típica série para um público definido. Estrelas teen
(além de Ariana, Nick Jonas tem um papel de destaque), a assinatura de Murphy e
a própria trama em si são o suficiente para que um pessoal do Twitter ache esta
a oitava maravilha do mundo – prevejo muitos unfollows depois disso.
Li que a série melhora nos episódios seguintes, mas a primeira
impressão foi tão fraca que me despeço por aqui de “Scream Queens”.
Supergirl
Por fim, a maior surpresa da lista, já que eu não
imaginava que ficaria tão satisfeito com o primeiro episódio da prima do homem
de aço. O piloto de “Supergirl”, que estreia apenas no próximo dia 26, mas já
gerou um certo hype na rede, tem uma estrutura diferente das outras séries
baseadas em quadrinhos. E é aí que pode estar o segredo do sucesso.
O que em outras produções demoraria, pelo menos, um
episódio, em “Supergirl” é apresentado em menos de 15 minutos. É esse o tempo
necessário para sermos apresentados a Kara, saber que ela tinha a missão de
proteger o bebê Kal-El, mas que termina resgatada por ele, já adulto, na zona fantasma,
conhecer um mundo acostumado com o Superman, descobrir que ela quer ajudar as
pessoas até o momento em que impede a queda de um avião. Ufa. Tudo isso em apenas um
bloco. Na meia hora seguinte, mais revelações, o que chega a ser exagerado
para um piloto.
O mais legal neste primeiro episódio é a maneira como o
roteiro brinca com a mitologia do Superman. Não tem aquele papo de ˜como o
mundo vai aceitar um alienígena com
poderes?˜. O homem de aço é uma estrela, estampando as capas do Daily Planet
diariamente. Isso tira a pressão de Kara e também da série.
Melissa Benoist, de “Glee”, esbanja carisma como a
protagonista. É difícil não torcer por ela. Dos nomes de destaque do elenco
ainda temos Chyler Leigh, a Lexie de “Grey's Anatomy”, como a irmã humana de
Kara, e a Ally McBeal, ops, Calista Flockhart, como a chefe dondoca.
O único porém são os efeitos especiais. A cena de voo com
o avião ficou bem legal, mas a luta contra o inimigo do dia ficou esquisita.
Mas pode ser que isso seja corrigido quando estrear oficialmente.
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