Algumas linhas sobre os oito indicados ao Oscar

15:32 Unknown 0 Comments



No post "31 dias. 31 filmes" citei que uma das minhas resoluções de ano novo é assistir mais filmes. E acrescento a isso os filmes do Oscar. A cada temporada eu prometo conferir pelo menos os indicados ao prêmio principal, mas fico no quase. Mas não desta vez. Foram oito filmes, diversos estilos e aquela torcida para o domingo. 

Aí estão as pequenas avaliações do filme, por ordem do primeiro ao último que eu assisti.

Mad Max: Estrada da Fúria (Mad Max: Fury Road, de George Miller)


"Mad Max" é, sem sombra de dúvidas, o grande queridinho de 2015. Gerou reações como “o melhor filme dos últimos anos”, “obra de arte” ou “merece todos os Oscar”. O que me faz pensar que eu assisti outro filme.

Não posso desprezar as qualidades como a ação desenfreada, os ótimos efeitos especiais, a fotografia belíssima e a grande atuação de Charlize Theron. Mas isso não justifica todo o Carnaval que foi feito em cima. É um ótimo filme de ação, bastante acima da média. E só. O roteiro é raso como um pires (e não venha com o papo de subtexto) e os personagens não mostram quem são e nem para onde vão. 

Vale pelo fato de termos uma produção totalmente mainstream concorrendo ao prêmio de melhor filme. Pena que outros muito melhores não tiveram a mesma sorte ("Batman – O Cavaleiro das Trevas", estou falando de você!).

Perdido em Marte (The Martian, de Ridley Scott)


E quando ninguém mais acreditava nele, Ridley Scott acerta em cheio e surpreende todo mundo. “Perdido em Marte” conseguiu mudar todo um gênero e criar um dos filmes mais divertidos do ano passado.

É outro que causa fortes sensações. Tanto, que eu terminei a sessão exausto (no melhor sentido da palavra). E é incrível o quanto ele prega o otimismo, inclusive nas situações mais extremas (indo, mais uma vez, para o outro lado do que estamos acostumados). Você assiste sabendo o que vai acontecer, sabe que vai dar tudo certo, mas é impossível não ficar nervoso e na torcida.

Grande elenco, grande direção de Scott (que parece ter tirado boas ideias de “Prometheus”). Fotografia linda e trilha espetacular (o momento em que toca “Starman”, de David Bowie, chega a ser épico). Pode não ter bola para a categoria, mas é um campeão do povo.

A Grande Aposta (The Big Short, de Adam McKay)


Dos filmes que possuem chances reais de levar o prêmio máximo, é o meu favorito. É uma produção que acerta no roteiro, acerta na execução, no elenco e no momento. 

É um filme que tem algo a dizer. O capitalismo é tratado como a verdade absoluta, e se eu posso ficar rico, você que se ferre. E se levar o Oscar, certamente, mais pessoas receberão a mensagem. Que por sinal, por mais complexa que seja, é mostrada de uma forma didática, mas que em momento algum menospreza o espectador.

As metáforas, as quebras da quarta parede, as grandes atuações. Pode não ter sido feito para a Academia, mas cresceu na hora certa, e ganhou cara de Oscar.

Ponte dos Espiões (Bridge of Spies, de Steven Spielberg)


Steven Spielberg, Tom Hanks e Guerra Fria. Não poderia dar errado. As seis indicações e os 91% de aprovações no Rotten Tomatoes comprovam isso. Eu, por outro lado fiquei em cima do muro. É um filme bem feito, com boas atuações, mas tão sem sal...

O grande problema, na minha opinião, é a indefinição de Spielberg quanto ao gênero do filme. Não sabe se tem um drama de tribunal ou um suspense de resgate. Não se decide se é para ser divertido ou tenso. 

Não é ruim. Longe disso. Mas com o peso de nomes como Spielberg e Hanks, além do destaque, tanto na época de lançamento quanto pós-indicações, se esperava muito mais.

Spotlight – Segredos Revelados (Spotlight, de Tom McCarthy)


Talvez eu seja suspeito para falar de “Spotlight”, já que sou jornalista e o filme é quase uma aula sobre o tema. É um longa que fala de paixão pelo trabalho, por ajudar as pessoas, e por fazer justiça. O quarto poder da maneira que ele deve ser.

Não tenho muito o que dizer neste momento, já que meus principais comentários sobre o filme estão neste vídeo. E ficaria bem feliz se a produção de Tom McCarthy levasse a estatueta.

O Quarto de Jack (Room, de Lenny Abrahamson)


Nunca tinha ouvido falar em “O Quarto de Jack” até o Globo de Ouro. E às vésperas da premiação, se tornou o meu favorito. Um pequeno grande filme. Sensível, tocante, delicado. Explora um tema pesado, que é um soco no estômago, sem precisar chocar.

De um lado, temos uma Brie Larson intensa, que passa verdade em cada cena. Da atriz que de tantos papeis como coadjuvante se tornou aquele rosto que todo mundo conhece, mas ninguém sabe de onde, nasce uma estrela. Favorita, com todos os méritos, ao prêmio que concorre.

Já o pequeno Jacob Trembley é quase uma força da natureza em cena. Ele é o filme, com uma atuação inacreditável para a idade. Os fãs de DiCaprio que me desculpem, mas o trabalho do menino, hoje com 9 anos, é o grande merecedor do prêmio de melhor ator. Pena que a Academia preferiu ignorar ele...

Não tem a “relevância” de “Spotlight” ou “A Grande Aposta” nem a grandeza de “O Regresso”. Mas é com ele que está a minha torcida.

O Regresso (The Revenant, de Alejandro González Iñárritu)


Polêmico. Assim posso definir “O Regresso”, também conhecido como o filme que vai dar o Oscar a Leonardo DiCaprio. Isso porque o público ficou bastante dividido. Li comentários que vão de “filmão” a “chatíssimo”. E admito: estou com o segundo grupo.

Começando com as qualidades, o filme tem uma parte técnica impressionante. A fotografia de Emmanuel Lubezki é incrível (se destacando em uma categoria que tem “Mad Max” e “Sicario”) e a direção de Alejandro González Iñárritu é, mais uma vez, excelente. Pena que o roteiro não colabore. As duas horas e meia se dividem entre uma história previsível (cujo final você já sabe antes mesmo de entrar no cinema) e contemplação das geleiras do Canadá. As imagens são lindas, mas não chegam nem perto de sustentar o marasmo que é “O Regresso”.

Por outro lado, assisti com a impressão de que estava vendo o vencedor do prêmio de melhor filme. Dos oito concorrentes, é aquele que tem cara de Oscar. Também é aquele com o maior número de indicações.

Como já comentei, um prêmio é certo: DiCaprio finalmente receberá a estatueta. E justamente em um trabalho inferior aos anteriores. É uma atuação visceral, de um ator que se entrega ao personagem. Mas mesmo assim, fica na sombra de Tom Hardy. Este sim mereceria vencer. 

Com uma produção que demorou mais de nove meses, utilizando apenas luz natural, e obrigando os atores a passarem pelo inferno na terra, aposto que um making of é muito mais interessante.

Brooklyn (idem, de John Crowley) 


Por fim, “Brooklyn” é aquele filme que você assiste e se pergunta porque está na lista. Porém, não encontra resposta. Tem bons momentos, entretém por quase duas horas, mas não passa disso. Não tem força e nem relevância para concorrer ao prêmio de “melhor do ano”, o que significa que teve um lobby muito bom com parte da Academia.

Admito que fui assistir com uma certa má vontade, e quando me dei por conta, até estava me divertindo com o que estava na tela (que tem um bom segundo ato, mas no final se enrola para não sair do lugar). Mas longe, muito longe de merecer uma indicação ao prêmio máximo do Oscar.

Se hoje, já é o concorrente que pouca gente lembra, o que esperar do futuro? E pensar que opções não faltavam... “Straight Outta Compton” é muito melhor, e ainda tem relevância com o momento atual americano. Batendo naquela tecla do caso de racismo no Oscar, foi mais fácil para a Academia “apostar” em um grupo de branquinhos de olhos claros que em um elenco negro.

Confira também:

Até domingo, o  blog terá outras postagens especiais em preparação ao prêmio máximo do cinema.

E não perca a cobertura completa do Cinemito, no Twiiter: www.twitter.com/cinemito.

0 comentários: