Video Review – 007: As fases George Lazenby e Timothy Dalton
Quando alguém pensa em James Bond, dificilmente imagina Timothy Dalton ou George
Lazenby. Muito disso pelo pouco tempo de tela que tiveram. O primeiro
interpretou o agente em dois filmes, enquanto o segundo viveu 007 apenas em “A Serviço Secreto de Sua Majestade”, de 1969.
Perdoem-me a franqueza, mas Lazenby é um erro. O ex-vendedor
de carros, e mais conhecido como modelo, não tinha experiência nenhuma como
ator. E esse não é, nem de longe, o problema. O australiano não tem jeito de
Bond. Não tem aparência, estilo ou atitude de 007. Eu olho para Sean Connery e me convenço que ele pode
fazer tudo aquilo. A mesma coisa com Brosnan
ou Craig. Até mesmo Roger Moore, na fase vovô, convence.
Mas Lazenby, não.
O ator assume o terno do agente em uma fase complicada. Depois de ótima sequência com os três primeiros filmes, a produção errou a mão em “Contra a Chantagem Atômica” e “Só se Vive Duas Vezes”, todos com Sean Connery, ao elevar o exagero à potência máxima. E “A Serviço Secreto de Sua Majestade” muda o ritmo, ao apostar em um roteiro mais humano, até mesmo romântico, mas que não funciona como deveria pela falta de força do protagonista.
Os primeiros 40 minutos até que são legais, com todo o
foco na espionagem. Mas quando Bond vai para a Suíça, a coisa desanda. O filme
se arrasta, e se já não fosse o suficiente, tem uma das maiores durações:
2h22min. E pensar que eu li comentários no Facebook
de que “Spectre” vai ser bom só por
que será longo. Acho que essa pessoa não assistiu os clássicos.
Poucos são os que se lembram do filme, que sempre aparece
como “aquele em que o 007 casa”. O que parecia uma coisa sem sentido, terminou
com um gancho fantástico, quando o vilão Blofeld
mata a senhora Bond a caminho da lua de mel. Infelizmente, fica nisso mesmo. O
fato é citado uma ou outra vez, e no filme seguinte, “Os Diamantes São Eternos”, voltamos às situações fantasiosas, novamente
com Sean Connery, já que Lazenby recusou um contrato para sete filmes. Obrigado
por isso!
No topo dos Bonds
Com Timothy Dalton, por outro lado, a história é totalmente diferente. O galês encarnou o agente secreto por apenas dois filmes, mas foi o suficiente para que fosse para o topo da lista do 007 favorito. Parece que o cara nasceu para ser James Bond. Tanto que poderia ter sido ele o substituto de Sean Connery em “A Serviço Secreto de Sua Majestade”. A história, porém, é mal contada. Uns dizem que ele teria sido vetado por ser jovem demais – na época, tinha apenas 23 anos. Outros garantem que foi ele quem recusou, já que ainda não estava maduro o suficiente para continuar o legado do primeiro ator.
Dalton assume o codinome 007 com a missão de criar uma
nova era para o personagem. O clima de aventura familiar cheia de humor, dos
tempos de Roger Moore, dá lugar a um James Bond real. Mais humano, com uma
trama mais séria, realista, sem a megalomania dos outros filmes. O público,
porém, não aprovou as mudanças. Tanto que ele amargou duas das três piores
bilheterias da franquia.
Azar de quem não quis acompanhar um Bond que tem cara de
Bond. Timothy Dalton tem o charme e a elegância necessários para o personagem,
além de um tom sério, às vezes até sombrio. Linhas que vão de acordo com o que
Ian Fleming escreveu para o 007. Mas não é raro ler o contrário. Em comunidades
de discussão de filmes, vi muita gente dizendo que ele não tem nenhum carisma
(?), que sua atuação é péssima (???) e que os filmes com ele têm roteiros ruins
(bom deve ser o de “Contra o Foguete da
Morte”...).
Assim como em toda a franquia, a fase Dalton abraça os
sucessos da época como inspiração. No caso, os filmes policiais e de ação. E é
neste sentido que dá um baile nos anteriores. As cenas são empolgantes, como a
fuga entre a Eslováquia e a Áustria ou o clímax no avião, em “Marcado Para Morrer”, ou as inúmeras
cenas de violência pesada (o que não acontecia anteriormente), em “Permissão Para Matar”.
Tem que destacar, mais uma vez, a trilha sonora. “The
Living Daylights”, do A-Ha é uma das melhores músicas de todo o setlist
histórico da franquia.
Conforme eu destaquei no vídeo, os dois filmes deixam um
gostinho de quero mais. Apesar de não ter achado “Permissão Para Matar” aquela Brastemp,
é visível que Dalton está bem mais a vontade na pele do personagem, então fica
aquela sensação de “como seria se ele continuasse”. Nem mesmo a idade mais avançada
parece ter feito muita diferença, e acho que ele poderia abraçar,
tranquilamente, outras duas produções. Mas, vai ficar sempre no “se...”.
O melhor: “Marcado
Para Morrer”, de 1987.
O pior: “007 a
Serviço Secreto de Sua Majestade”, de 1969.
Fique ligado
Na próxima quarta é a vez dos quatro filmes da fase Pierce
Brosnan, com review em texto e vídeo!
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