Wet Hot American Summer. O filme e a série
Tem filmes que já nascem cults. Outros são criticados, ignorados, e com o passar do tempo, ganham status de novos clássicos da cultura pop. Alguns são quase uma unanimidade, como “Clube da Luta” ou “Blade Runner”. Outros ganham esse título pela (falta de) qualidade. Tem filmes ruins, mas tão ruins, que acabam sendo bons. Caso de “Wet Hot American Summer”, que no Brasil recebeu o título de “Mais um Verão Americano”.
Lançado em 2001, o filme foi um fracasso de público, faturando pouco mais de 300 mil dólares nas bilheterias. Mas com o lançamento em DVD, aos poucos, começou a ganhar notoriedade. E isso se deve ao elenco. Vários atores, pouco conhecidos na época, iriam se tornar astros. Caso de Bradley Cooper, Paul Rudd, Amy Poehler e Elizabeth Banks.
A vida seguiu para todos eles... Até terem a chance de repetir a dose. O Netflix, em mais uma jogada surpreendente, bancou uma série baseada no longa. A empresa já está acostumada a ressuscitar produções, caso de “Arrested Development” e “The Killing”, mas é a primeira vez que transforma um filme em seriado.
Mais do que isso. Pegou um filme pouco conhecido fora dos Estados Unidos e levou para todo o mundo, apostando no “selo Netflix de qualidade”. E parece ter dado certo. No IMDb, a nota média é 8.1. No Brasil, os usuários do Filmow deram 3.9 (de um máximo de 5).
O último dia de acampamento
O filme é a típica comédia descompromissada do início dos anos 2000. Em uma época de “Todo Mundo em Pânico” ou “Não é Mais um Besteirol Americano”, provavelmente os dois “grandes” nomes do besteirol-paródia da época, o diretor David Wain e o roteirista Michael Showalter (um dos protagonistas do filme/série) apostaram em uma sátira aos títulos de acampamento dos anos 80, mas sem emular situações.
De maneira bastante resumida, “Wet Hot American Summer” é um filme ridículo. Mas de um jeito extremamente positivo. O roteiro foi construído com um humor totalmente nonsense, daquele tipo ame ou odeie. Uma história boba, que não abre mão de construir piadas com as situações mais absurdas possíveis. Tudo para arrancar uma risada. Sabe aquela história do “é tão ruim que acabou bom?”. Bem por aí!
O elenco é espetacular. Além dos citados acima, o filme conta com Janeane Garofalo (24 Horas), David Hyde Pierce (Frasier), Christopher Meloni (Law & Order Special Victims Unit), Joe Lo Truglio (Brooklyn 9-9), Ken Marino (Marry Me), Molly Shannon (Saturday Night Live), Marguerite Moreau (Grey’s Anatomy) e Judah Friedlander (30 Rock).
O primeiro dia de acampamento
Na contramão da maioria das produções, Wain e Showalter apostaram em um prequel dos acontecimentos do filme. O que poderia parecer anticlímax, já que você já sabe o destino de cada um dos personagens, acaba se mostrando uma decisão acertadíssima, já que é mostrada a origem deles. E nesta parte, meu amigo, a zoeira não tem limites.
Outro acerto é trazer o mesmo elenco (mesmo que os personagens estejam mais jovens que no filme, e os atores, quase 15 anos mais velhos). Na primeira cena dos monitores, com vários quilos a mais e fios de cabelos a menos (principalmente Showalter) é impossível segurar a risada. Novamente, ridículo ao extremo. E mais uma vez, da melhor maneira possível.
De um grupo de jovens atores, o elenco é recheado de estrelas que não escondem que estão se divertindo em cena. Como não é fácil ajustar a agenda de tantos astros para uma produção deste tipo, alguns, infelizmente, têm pouco tempo de cena, caso de Bradley Cooper. Mas na trama, ele sempre está lá, mesmo que não vejamos o rosto dele. Quem assistir vai entender. E provavelmente vai rir.
Tão surpreendente quanto reunir o elenco do filme, é ver a quantidade de nomes importantes em cena nos oito episódios. Chris Pine (Star Trek), Kristen Wiig (Missão Madrinha de Casamento), Jason Schwartzman (O Grande Hotel Budapeste), Jon Hamm (Mad Men), Michael Cera (Arrested Development), John Slattery (Mad Men) e Lake Bell (A Voz de Uma Geração).
Como a história se passa em 1981, o clima da década precisou ser resgatado. E agrada até quem não viveu aquela época (quem cresceu assistindo a Sessão da Tarde sabe o suficiente da cultura pop dos anos 80). O figurino apresenta o que a indústria da moda fez de pior, funcionando quase como mais um personagem. A trilha sonora também é ótima. O personagem de Chris Pine, por exemplo, merecia um disco lançado oficialmente.
A série funciona sozinha, até porque seus eventos antecedem o longa de 2001. Porém, quem assistiu o filme vai aproveitar mais a série, já que muitas piadas, principalmente as mais sutis, são feitas para quem já conhece os personagens.
É perfeita para o domingo do saco cheio, ou para a tarde de folga chuvosa. São oito episódios de meia hora cada. Ou seja, acaba rapidinho. Se não for pelas piadas (que não são feitas para todos os públicos), dê uma chance pelo clima anos 80. A nostalgia sempre vence. E vai que, assim como o filme, a série também vira cult!
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