Pré-estreia: Ted 2
Sou fã de Seth MacFarlane desde que comecei a entender as piadas de “Family Guy”. Alguém vai dizer: “ah, mas esse humor dele não faz o menor sentido”. Não, não faz. E é por isso que é tão bom. E foi abusando do nonsense que ele ganhou espaço na indústria, criou séries como “American Dad” (que apesar da estrutura diferente, é tão insana quanto) e na primeira chance no cinema, deu vida a “Ted”.
O filme do ursinho causou em mim o mesmo efeito que “Borat” ou “Se Beber Não Case”. Pouco depois dos créditos, o narrador já soltava frases como “Se há uma coisa que podemos ter certeza é que nada é mais poderoso que o desejo de uma criança. Exceto por um helicóptero Apache. Um helicóptero Apache tem metralhadoras e mísseis. Esta combinação incomum de armas. É uma máquina de morte absoluta”. O estilo Seth MacFarlane predomina desde o início.
Esse estilo se repete no segundo filme. Talvez a assinatura do ator/dublador/roteirista/diretor esteja ainda mais presente, como pode ser visto no número musical da abertura, praticamente um xerox do que é apresentado em “Family Guy”, só que em carne e osso. O que acontece a seguir também deixa um déjà vu. Parece que você já assistiu aquilo.
O primeiro ato do filme nada mais é do que um episódio de “Family Guy”. Só faltou a chegada dos Griffin. Mas são justamente as participações que levam o humor a outro nível, seja com Liam Neeson (que já havia feito o vilão no fraco “Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola”), Jay Leno e Tom Brady (que adivinhe, já esteve na principal animação de MacFarlane).
É no segundo e terceiro atos que o filme se desenvolve – e comete a maioria dos seus erros. Primeiro, pela repetição. Lembram da maneira como “Se Beber Não Case 2” emula quase tudo do antecessor? É mais ou menos por aí. Sem o fator novidade, MacFarlane parece não saber se reinventar. E isso não é de hoje. É só olhar como “Family Guy” perdeu relevância e parece estar no automático há uns bons anos.
Tentar humanizar o urso também não funciona. No primeiro filme, Ted é a escada para que o personagem de Mark Wahlberg (cada vez melhor em comédias) possa brilhar. Neste caso, como o dono do drama, tudo fica superficial (e olha que o nível de profundidade exigido em uma comédia besteirol não costuma ser muito alto). Outro problema é Amanda Seyfried. A loirinha é uma fofa, está ainda mais linda que de costume, mas não tem a força de uma Mila Kunis em cena.
No fim, “Ted 2” comete o mesmo erro de “Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola”. O filme se estende demais e acaba ficando cansativo. A cena da Comic-Con, por exemplo, poderia ser mais curta, mas a impressão que fica é que ela é usada mais como um fan service.
Por mais que pareça uma bomba, devido a quantidade de falhas elencadas acima, “Ted 2” é um filme divertido. Bom para ver com amigos ou para esquecer os problemas por duas horas e dar risadas. Deixe as expectativas do lado de fora do cinema. Vai que você se surpreende!
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