O mercado de animes em home vídeo no Brasil – parte 5

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Nos outros posts desta série, a maior reclamação foi com as empresas que lançam os animes, mas não chegam nem na metade e... cancelam (se o básico as empresas não fazem, esperar um pouco mais de capricho na edição chega a ser uma utopia). Mas tem distribuidoras que fazem muito pior. Colocam os títulos no mercado e não deixam o fã aproveitar nem o primeiro DVD que já se despedem.

O pior caso é o da Imagem Filmes, que chegou a pegar boas produções como “Yu-Gi-Oh” e “Inuyasha”. O anime das cartas pode ser encontrado com facilidade nas locadoras. Mas não espere muitos episódios. O lançamento foi até o sexto DVD, totalizando 18 capítulos. Já a série do youkai teve apenas os dois primeiros episódios lançados. Parece que a empresa não fazia ideia do potencial que tinha nas mãos.

Mas a Imagem não parou por aí. "Kaleido Star", "Músculo Total", "Sakura Wars" e "Super Doll Licca-Chan" pararam após dois episódios. Outros tiveram mais sorte, conseguindo ir para as locadoras/lojas com quatro capítulos, casos de "Pokémon" (já na sétima temporada), "Kirby e Seus Poderes", "Cãezinhos de Sorte" (?!)" e "Ki-Fighter". "Cubix" e "Shin-Chan" podem ser considerados sucessos. O primeiro teve cinco episódios disponibilizados. O segundo, seis. Além disso, a empresa distribuiu vários filmes aleatórios de “Dragon Ball Z”, mas sem o menor cuidado.

Outros animes consagrados sofreram nas mãos de distribuidoras pequenas. A fase "R" de “Sailor Moon” chegou a ser lançada pela Flashstar... Parou no segundo disco. Já a CD & DVD Factory fez alarde e chamou atenção para a distribuição da série “S”. Durou apenas três episódios.

Com "Sailor Moon S", a CD & DVD Factory prometeu. Mas na hora de cumprir...

Já “Samurai X” apareceu nas mãos de uma tal Mel Editora. O lançamento foi extremamente bizarro. Saíram três DVDs com 10 episódios no total. Do 29 até o 38. Pode ser encontrado nas gôndolas de alguns mercados por aí. Mesma situação de “Evangelion” e até “Dragon Ball Z”. Mas nestes casos, não aparece nem a marca da responsável. Tudo leva a crer que a “empresa” não possui os direitos de distribuição...

Porém, nem sempre a culpa é apenas da empresa. O fã cobra o melhor, mas na hora de comprar, não faz a parte dele, como veremos a seguir.

Derrubado pela pirataria



Desde o meio da década de 1990 até o início dos anos 2000, não era raro ver animes disponíveis para o home vídeo. Principalmente nas bancas de revistas. De tempos em tempos apareciam títulos. Fossem OVAs como os de “Fatal Fury”, lá por 1996, até os filmes de “Dragon Ball”, já no novo milênio.

E foram nas bancas que surgiram alguns dos primeiros títulos em DVD, lançados pelo Studio Gabia, em 2002. Com forte presença na dublagem e na autoração no formato, a empresa acreditou que o nicho era promissor e apostou na distribuição de animes. Comprou um pacote de produções como “Super Campeões” (cujo primeiro volume eu tive), “Shaman King”, “Vampire Princess Miyu” e o filme de “Sakura Card Captors”. Mesmo com preço competitivo (na época, os R$ 19,90 não eram um mau negócio), não deu certo.

Duas frentes (que caminham juntas) acabaram com as pretensões da Gabia: a falta de apoio dos fãs e a pirataria. Não demorou muito para que aqueles DVDs estivessem disponíveis em cópias piratas. A lenda diz que o dono da empresa se indignou ao ver os títulos em uma feira de animes (ao mesmo tempo que suas revistas estavam encalhadas nas bancas) e desistiu da publicação, abandonando, inclusive, os direitos que tinha sobre outras produções.

Na ocasião, os otakus aproveitaram para colocar defeito em tudo. Ok, a empresa pode não ter feito um trabalho 100%, mas claramente se esforçou para melhorar (tanto que nos volumes seguintes, que ninguém comprou, a qualidade é maior). Além disso, tiveram coragem de apostar em um mercado que não existia. O fã queria. Mas não fez a parte dele. Preferiu baixar. E continua fazendo isso. Sem vendas, não existe mercado que aguente.


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