O mercado de animes em home vídeo no Brasil – parte 6

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Nem só de exemplos negativos vive a indústria dos animes em home vídeo. São poucos casos, mas algumas empresas parecem saber levar o consumidor a sério, e aos poucos, vão ganhando credibilidade no mercado, caso da Cult Classic.

A empresa segue lançando uma leva de produções antigas. “Fantomas”, “O Judoca”, “Piratas do Espaço” e “Don Dracula” garantiram um lugar na estante de muitos colecionadores e fãs saudosistas graças à Cult, que também buscou tokusatsus como “Robô Gigante” e “Vingadores do Espaço”.

Outras séries ainda aguardam pela conclusão, como “O 8º Homem” e “Super Homem do Espaço”, que tiveram o primeiro volume lançado no ano passado. Os boxes que faltam, porém, ainda não possuem data para chegar às lojas.

Entre os diferenciais que fizeram a empresa dar certo está o tratamento ao material que tem em mãos. Para começar, na apresentação. Os boxes em digistacks têm luva em alto relevo.

Foto: aglomeradonews.com.br

Além disso, existe toda uma preocupação em manter a dublagem original sempre que possível. Por exemplo, dos 52 episódios de “Fantomas”, 42 deles possuem a dublagem feita no estúdio Cine Castro, ainda na década de 1960. Nos casos em que isso não foi possível, o material foi legendado a partir do original.

Outra bola dentro foi o preço, compatível com a realidade do mercado. Para ter ideia, o box de “O 8º Homem” custa R$ 79,90, contendo os primeiros 28 episódios da série. Enquanto isso, a Playarte segue vendendo discos com três ou quatro episódios por quase 40 reais.

Outros clássicos apareceram nas mãos de outras distribuidoras, mas o resultado não foi dos melhores, caso de “Speed Racer”. A Califórnia Filmes acertou ao disponibilizar uma lata para os cases, mas errou no resto. Não bastasse as apresentações, no mínimo feias, das embalagens, a edição conta apenas com a redublagem, possui problemas com o áudio, falta de legendas... pelo menos o anime foi concluído, ao contrário de “A Princesa e o Cavaleiro”, que assim como outras séries da Focus, não terminaram!

O bom gosto passou longe desta capa de "Speed Racer"

Vale ressaltar, que o mercado é diferente quando dividimos os animes entre os hits do momento e clássicos da década de 1960/70. Enquanto os primeiros têm os lançamentos descontinuados aqui pela falta de vendas – já que, como foi comentado no último post, o pessoal prefere baixar do que abrir a carteira – o público que busca uma série antiga é diferenciado. É o mesmo caso dos tokusatsus. Um público mais velho, com um poder aquisitivo diferente, que viveu aquela época e quer ter na estante o DVD original da série.

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O mercado de animes em home vídeo no Brasil – parte 5

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Nos outros posts desta série, a maior reclamação foi com as empresas que lançam os animes, mas não chegam nem na metade e... cancelam (se o básico as empresas não fazem, esperar um pouco mais de capricho na edição chega a ser uma utopia). Mas tem distribuidoras que fazem muito pior. Colocam os títulos no mercado e não deixam o fã aproveitar nem o primeiro DVD que já se despedem.

O pior caso é o da Imagem Filmes, que chegou a pegar boas produções como “Yu-Gi-Oh” e “Inuyasha”. O anime das cartas pode ser encontrado com facilidade nas locadoras. Mas não espere muitos episódios. O lançamento foi até o sexto DVD, totalizando 18 capítulos. Já a série do youkai teve apenas os dois primeiros episódios lançados. Parece que a empresa não fazia ideia do potencial que tinha nas mãos.

Mas a Imagem não parou por aí. "Kaleido Star", "Músculo Total", "Sakura Wars" e "Super Doll Licca-Chan" pararam após dois episódios. Outros tiveram mais sorte, conseguindo ir para as locadoras/lojas com quatro capítulos, casos de "Pokémon" (já na sétima temporada), "Kirby e Seus Poderes", "Cãezinhos de Sorte" (?!)" e "Ki-Fighter". "Cubix" e "Shin-Chan" podem ser considerados sucessos. O primeiro teve cinco episódios disponibilizados. O segundo, seis. Além disso, a empresa distribuiu vários filmes aleatórios de “Dragon Ball Z”, mas sem o menor cuidado.

Outros animes consagrados sofreram nas mãos de distribuidoras pequenas. A fase "R" de “Sailor Moon” chegou a ser lançada pela Flashstar... Parou no segundo disco. Já a CD & DVD Factory fez alarde e chamou atenção para a distribuição da série “S”. Durou apenas três episódios.

Com "Sailor Moon S", a CD & DVD Factory prometeu. Mas na hora de cumprir...

Já “Samurai X” apareceu nas mãos de uma tal Mel Editora. O lançamento foi extremamente bizarro. Saíram três DVDs com 10 episódios no total. Do 29 até o 38. Pode ser encontrado nas gôndolas de alguns mercados por aí. Mesma situação de “Evangelion” e até “Dragon Ball Z”. Mas nestes casos, não aparece nem a marca da responsável. Tudo leva a crer que a “empresa” não possui os direitos de distribuição...

Porém, nem sempre a culpa é apenas da empresa. O fã cobra o melhor, mas na hora de comprar, não faz a parte dele, como veremos a seguir.

Derrubado pela pirataria



Desde o meio da década de 1990 até o início dos anos 2000, não era raro ver animes disponíveis para o home vídeo. Principalmente nas bancas de revistas. De tempos em tempos apareciam títulos. Fossem OVAs como os de “Fatal Fury”, lá por 1996, até os filmes de “Dragon Ball”, já no novo milênio.

E foram nas bancas que surgiram alguns dos primeiros títulos em DVD, lançados pelo Studio Gabia, em 2002. Com forte presença na dublagem e na autoração no formato, a empresa acreditou que o nicho era promissor e apostou na distribuição de animes. Comprou um pacote de produções como “Super Campeões” (cujo primeiro volume eu tive), “Shaman King”, “Vampire Princess Miyu” e o filme de “Sakura Card Captors”. Mesmo com preço competitivo (na época, os R$ 19,90 não eram um mau negócio), não deu certo.

Duas frentes (que caminham juntas) acabaram com as pretensões da Gabia: a falta de apoio dos fãs e a pirataria. Não demorou muito para que aqueles DVDs estivessem disponíveis em cópias piratas. A lenda diz que o dono da empresa se indignou ao ver os títulos em uma feira de animes (ao mesmo tempo que suas revistas estavam encalhadas nas bancas) e desistiu da publicação, abandonando, inclusive, os direitos que tinha sobre outras produções.

Na ocasião, os otakus aproveitaram para colocar defeito em tudo. Ok, a empresa pode não ter feito um trabalho 100%, mas claramente se esforçou para melhorar (tanto que nos volumes seguintes, que ninguém comprou, a qualidade é maior). Além disso, tiveram coragem de apostar em um mercado que não existia. O fã queria. Mas não fez a parte dele. Preferiu baixar. E continua fazendo isso. Sem vendas, não existe mercado que aguente.


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O mercado de animes em home vídeo no Brasil – parte 4

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Foto: Luiz Guilherme

Na segunda metade da década passada, nenhuma distribuidora movimentou tanto o mercado de animes como a Focus Filmes. A empresa aproveitou o bom momento que a RedeTV vivia na época com a exibição de títulos como “Fullmetal Alchemist”, "Super Campeões", "Hunter x Hunter" (a primeira versão, de 1999) e "Viewtiful Joe" para entrar no mercado.

Os box das quatro séries surpreendiam pela qualidade. Além das luvas, os estojos possuíam arte interna, além de outros mimos como pôster ou cards. Mas apesar do sucesso na TV aberta, nenhum daqueles títulos poderia ser considerado um blockbuster. Pelo menos não em nível de levar os expectadores para as lojas. A Focus, porém, pensou de forma diferente. E quebrou a cara. Quase ninguém comprou. E qual foi a decisão da empresa neste momento? Acertou quem apostou no cancelamento.

“Fullmetal Alchemist” foi o único que teve o lançamento concluído, mas não sem uma longa novela, que será relembrada a seguir. Os outros não tiveram a mesma sorte. “Viewtiful Joe” e “Hunter x Hunter” foram cancelados após o lançamento de três boxes (nove discos e 36 episódios no total). A situação de “Super Campeões” foi ainda pior. O anime de futebol não chegou nem na metade, sendo interrompido no episódio 24.

Mais tarde, já em 2010, a Focus apostou em um título com um apelo bem maior: “Digimon”. Pena que fez isso com quase 10 anos de atraso, já que sem o hype da época, os DVDs encalharam. Parou no episódio 26.

Não foi apenas a falta de timing que impediu o sucesso de “Digimon”. É meio difícil esperar que o consumidor dê um voto de confiança para uma empresa que já descontinuou a maioria dos lançamentos. E com mais um cancelamento, fica fácil entender a resistência dos fãs com a empresa.

Foto: Roger.R.A.Raimundo (Roger's Stuffs)

Depois de tantos cancelamentos, a empresa continuou apostando em animes. Tanto que lançou o clássico “A Princesa e o Cavaleiro”, de Osamu Tezuka. Mas não é nem necessário dizer que não teve fim.

Nos últimos tempos, a empresa dedicou as maiores atenções aos boxes de tokusatsu e relançou várias produções completas, como “Changeman”, “Flashman”, “Jaspion”, “Jiraya” e “Jiban”, já que pelo menos os fãs nostálgicos abrem a carteira. Até Focus até chegou a flertar com o anime de “Samurai X”, após as boas vendas do filme live action, mas até agora não passou disso. Como fã da produção, nem crio expectativas, afinal, quais são as chances de completar o lançamento de uma série com quase 100 episódios?

A novela Fullmetal Alchemist

Foto: Luiz Guilherme

Lançado em 2006 pela Focus, “Fullmetal Alchemist” teve um ótimo tratamento pela distribuidora. Pelo menos no primeiro box: luva em papelão duro, estojos com arte interna, além de brindes como pôster e cards 3D. Além da boa qualidade de vídeo, os discos possuíam três faixas de áudio e vários extras.

O investimento, porém, não teve o retorno esperado. Talvez porque, mesmo com esse tratamento, não seja interessante pagar quase R$ 100 por 12 episódios de vinte e poucos minutos. Na ocasião, a empresa fez o que devia: continuou com o lançamento com os volumes 2 e 3. Mas a qualidade caiu bastante. Seja na luva, na impressão ou até na autoração, quando foram retiradas as legendas em inglês e a faixa de áudio de cinco canais.

Eis que “Fullmetal Alchemist” teve o mesmo destino das outras séries da Focus. Cancelada, com a justificativa é que as vendas não haviam alcançado níveis satisfatórios. Os fãs, que investiram pensando que teriam uma coleção completa, ficaram chupando o dedo. Pelo menos por três anos, quando a empresa surpreendeu e anunciou o último box (em uma tentativa de salvar a credibilidade perdida).

O quarto box, porém, foi mais um balde de água fria. Os episódios eram os mesmos que haviam sido exibidos pela RedeTV, ou seja, cheio de cortes (por mais que a capa fizesse questão de dizer o contrário).

No ano passado a Focus voltou a surpreender, anunciando um box com a série completa, em digistack, no mesmo padrão dos tokusatsus. Mas... com uma capa genérica. Eis que os fãs gritaram e foram ouvidos. O site Jbox fez a frente e participou do redesign da capa. E não a única mudança, já que a caixa recebeu uma luva. Tudo perfeito? Ainda não!


Na hora do resultado, o último disco apresenta erros bizarros de autoração (provavelmente por ter um episódio a mais que os outros), além de novos cortes. Foram necessários quase seis meses até o recall e o relançamento e... Ufa. Quase 10 anos depois do primeiro box, a coleção “Fullmetal Alchemist” está completa. Precisava ser tão difícil?

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O mercado de animes em home vídeo no Brasil – parte 3

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Se pudéssemos resumir a trajetória da Playarte na distribuição de animes em um gênero cinematográfico, certamente seria o terror. A empresa já deu mostras do que viria pela frente ao ficar mais de um ano sem lançar nada de Yu Yu Hakusho, lá em 2007. Nos anos seguintes, formou a imagem que todos temos dela: uma empresa que não respeita o consumidor.

Dona dos direitos de algumas das principais produções da atualidade como “Naruto”, “Bleach” e “One Piece”, além de clássicos do calibre de “Dragon Ball”, “Z” e “Kai”, a Playarte se tornou sinônimo de dor de cabeça para os fãs e colecionadores, já que o lançamento não é sinônimo de conclusão.


Após “Os Cavaleiros do Zodíaco” e “Yu Yu Hakusho”, a distribuidora disponibilizou 12 títulos. Apenas um deles foi concluído. Logo um que ninguém esperava. “Digimon Data Squad”, uma das séries mais inexpressivas da franquia teve os 48 episódios lançados oficialmente no Brasil em 16 discos. Apenas três episódios por DVD. Pelo preço de lançamento (R$ 29,90), a coleção completa custaria quase 500 reais!

O olho grande da Playarte pode ser comprovado com “Naruto”. Mesmo com a média de três episódios por disco, parecia que o xodó dos brasileiros seria concluído. Parecia. Parou no episódio 156. Ou seja, quem gastou uma pequena fortuna para comprar as 45 caixas de DVD (!!!) vai ficar com a coleção incompleta. Enquanto isso, a empresa já se prepara para lançar a continuação, “Naruto Shippuden”, série que já tem mais de 400 capítulos. Alguma chance de ser finalizada? Você sabe a resposta!

 “One Piece”, que já passou do episódio 700, foi lançado apenas até o 19. “Bleach” ganhou um a mais. O descaso da Playarte com essas produções é tão grande que muitos nem sabem que as séries apareceram em DVD no Brasil.


Mas nem só de produções consagradas vive a empresa. A distribuidora apostou em “Zatchbell” (que apesar de ter sido exibida pela Globo está bem longe de ser um hit), “Megaman NT Warrior” e a praticamente desconhecida “Nadja”. Moral da história, Playarte: Se os famosos não vendem, não é com os underground que vocês terão sucesso!

A chance de redenção da empresa atende pelo nome de “Dragon Ball”. Dona dos direitos dos clássicos de Akira Toriyama, a Playarte esboçou um lançamento decente – pelo menos de DBZ e DB Kai, já que as primeiras aventuras de Goku foram abandonadas após apenas 24 episódios (adivinhe quantos por disco...).


Tanto a série Z quanto o remake foram lançados em três boxes. DB Kai parou no episódio 54. DBZ foi até o 52. Tudo já lançado em Blu-ray nos Estados Unidos e no Japão. Aqui, não completa o DVD. E parece que parou por aí. Para ter o anime em casa, na estante, o que o fã é obrigado a fazer? Bancar a pirataria.

Muitos vão dizer que a culpa é do fã, que não compra. Eu concordo que o consumidor brasileiro de animes não costuma gastar – até porque é, na grande maioria, formado por pessoas que não tem renda própria. Logo, é muito mais fácil baixar (e reclamar) do que usar o dinheiro dos pais. A empresa, porém, não deveria lançar um produto destes sem uma pesquisa de mercado. E no momento que colocou o produto nas lojas, tem que ter a decência de completar.

#MeRespeitaPlayarte

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O mercado de animes em home vídeo no Brasil – parte 2

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Assim como Cavaleiros, como abordado no post anterior, a Playarte soube apostar na nostalgia e, mais uma vez, acertou. O segundo anime oferecido pela distribuidora, lá em 2006, foi “Yu Yu Hakusho”, que por sinal, foi a grande audiência da Manchete depois do término das aventuras de Seiya e seus amigos. Mas já naquela época, a distribuidora já dava mostras do que viria pela frente.

A primeira caixa – com cinco discos – surpreendeu pelo capricho. Todos os cases possuem arte interna, e foram colocados dentro de um box feito de papelão grosso, com o logo da série em alto relevo. Além disso, cards com os personagens davam ainda mais valor ao produto. Porém, como nem tudo são flores, os discos possuíam, nos primeiros episódios, pequenos trechos censurados, como o tradicional dedo do meio de Yusuke ou a suástica na testa do ninja Kazemaru, durante o torneio da Genkai. Mesmo assim, nada que tenha causado grande polêmica.


Aos poucos, porém, o nível foi caindo. Dos cinco discos do primeiro box, baixou para quatro no seguinte e três nos demais. Os cards, presentes nas primeiras edições, sumiram. O preço, porém, continuou alto, até o momento em que os fãs começaram a temer pelo futuro da série.  Depois da quarta caixa, a Playarte ficou mais de um ano sem lançar nada, até que em 2008, completou o lançamento, para o alívio geral.

A necessidade de lucrar, porém, falou mais alto. No meio do caminho, a Playarte, que chegou a colocar seis episódios por disco, baixou esse número para três. Com isso, foram necessários 30 discos para lançar os 112 capítulos. Como comparação, a distribuidora precisou de 21 para os 114 episódios de “Os Cavaleiros do Zodíaco”.


Para piorar, quem comprou, comprou. Quem não comprou... E não espere uma reposição. O jeito é garimpar em vários sites e no Mercado Livre, coisa que eu pretendo fazer, já que não quero ficar sem uma cópia original do meu anime favorito na coleção.

Levando em consideração o mercado atual, as chances de vermos Yusuke de volta ao home vídeo brasileiro são quase nulas. E pensar que tanto no Japão quanto nos Estados Unidos, “Yu Yu Hakusho” está ali, completinho em blu-ray. A nós resta apostar em alguma edição sem o nosso idioma ou chupar o dedo!

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O mercado de animes em home vídeo no Brasil

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Ser colecionador, no Brasil, não é uma tarefa fácil. O desdém com o consumidor é tão grande que parece que as empresas pensam fazer um favor quando lançam edições sem nenhum diferencial, a preços exorbitantes. Ser colecionador, e fã de animes, entretanto, é muito pior. 

No post sobre os blu-rays da AnimesDVD, citei que o número de pessoas que compram títulos piratas aumenta (entre outros motivos), por que a indústria do home vídeo não dá a mínima para os fãs do gênero. Mas pensando um pouco, me dei por conta que não existe um mercado de animes no Brasil. Temos alguns casos isolados. Se der lucro, continua. Se não der, cancela. E para o cara que gasta, que investe, resta torcer que a coleção chegue ao fim.

Começa aqui uma série com alguns cases dos lançamentos de animes no Brasil. Entre (poucos) acertos e (muitos) erros, confira o que de mais importante aconteceu no país. 

Uma outra Playarte 


Maior fenômeno entre os animes já lançados no Brasil, “Os Cavaleiros do Zodíaco” também são o maior hit do gênero em DVD no país. A responsável por isso foi a Playarte, na época mais conhecida por trazer os filmes da New Line. A distribuidora aproveitou o retorno da série em 2003, no Cartoon Network, que angariou novos fãs, e fez o lançamento no ano seguinte. 

O primeiro box recebeu uma lata e outra edição mais simples, com um box para os cinco discos, além de cards em ambas as versões. O sucesso foi instantâneo, tanto que terminou o ano como a quinta caixa mais vendida no Submarino. Mesmo custando R$ 159,90. Apesar da boa apresentação, a Playarte cometeu vários erros na autoração dos discos, como quadriculação, erros na abertura e encerramento e falta de eye-catches. 

Não demorou muito para o lançamento da segunda caixa, que também recebeu uma lata. A embalagem diferenciada, porém, foi cancelada a partir do terceiro box. A justificativa da empresa é que o produto tinha um custo elevado para o baixo número de vendas. Ou seja, o pessoal preferiu pagar um pouco menos e levar a edição simples. Quem investiu pensando que continuaria com um produto diferenciado, ficou chupando o dedo.


Os problemas continuaram, como na terceira caixa, que precisou passar por um recall, já que um dos episódios não estava completo. Mesmo assim, as vendas, apesar da queda a cada novo box, foram boas. Em um ano os 114 episódios haviam sido lançados em seis partes e 21 discos. Números não oficiais indicam que foram vendidas mais de 250 mil cópias até hoje, o que levou a empresa a manter o investimento. 

Em 2006, a primeira fase da saga de Hades foi lançada. No ano seguinte, foi a vez dos filmes. Na sequência, com uma diferença de um ano do Japão, saiu o complemento do final dos Cavaleiros. No final, porém, não faltou ganância para a Playarte. Os seis episódios dos Elísios foram divididos em três discos, vendidos a R$ 39,90 cada, ou seja, quase 20 reais por capítulo! 


A empresa fez o que se esperava: lançou todo o conteúdo possível de Cavaleiros – exceto “The Lost Canvas”, que ficou com a Flashstar e “Batalha do Santuário”, da Diamond Films, que não tem planos de disponibilizar o filme em mídia física. Porém, a Playarte cobrou (e muito) por isso. Atualmente, os DVDs estão fora de catálogo, mas a fase clássica pode ser encontrada facilmente em lojas virtuais. Em 2013, as Americanas e o Submarino chegaram a lançar caixas com os 21 primeiros discos e depois com Hades, mas esgotaram rapidamente. 


Já está na hora da Playarte cogitar um relançamento. A demora poderia significar duas coisas: que a empresa perdeu os direitos sobre a série ou que planeja o anúncio de um blu-ray. Na primeira alternativa eu não acredito, já que no ano passado realizaram um evento nos cinemas para comemorar os 20 anos de Cavaleiros. A segunda, apesar de possível, esbarra na falta de apoio atual. A única produção neste formato no país, “Saint Seiya Omega” não está com boas vendas. Mas a esperança é a última que morre.

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Pré-estreia: Ted 2

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Sou fã de Seth MacFarlane desde que comecei a entender as piadas de “Family Guy”. Alguém vai dizer: “ah, mas esse humor dele não faz o menor sentido”. Não, não faz. E é por isso que é tão bom. E foi abusando do nonsense que ele ganhou espaço na indústria, criou séries como “American Dad” (que apesar da estrutura diferente, é tão insana quanto) e na primeira chance no cinema, deu vida a “Ted”. 

O filme do ursinho causou em mim o mesmo efeito que “Borat” ou “Se Beber Não Case”. Pouco depois dos créditos, o narrador já soltava frases como “Se há uma coisa que podemos ter certeza é que nada é mais poderoso que o desejo de uma criança. Exceto por um helicóptero Apache. Um helicóptero Apache tem metralhadoras e mísseis. Esta combinação incomum de armas. É uma máquina de morte absoluta”. O estilo Seth MacFarlane predomina desde o início. 

Esse estilo se repete no segundo filme. Talvez a assinatura do ator/dublador/roteirista/diretor esteja ainda mais presente, como pode ser visto no número musical da abertura, praticamente um xerox do que é apresentado em “Family Guy”, só que em carne e osso. O que acontece a seguir também deixa um déjà vu. Parece que você já assistiu aquilo. 


O primeiro ato do filme nada mais é do que um episódio de “Family Guy”. Só faltou a chegada dos Griffin. Mas são justamente as participações que levam o humor a outro nível, seja com Liam Neeson (que já havia feito o vilão no fraco “Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola”), Jay Leno e Tom Brady (que adivinhe, já esteve na principal animação de MacFarlane). 

É no segundo e terceiro atos que o filme se desenvolve – e comete a maioria dos seus erros. Primeiro, pela repetição. Lembram da maneira como “Se Beber Não Case 2” emula quase tudo do antecessor? É mais ou menos por aí. Sem o fator novidade, MacFarlane parece não saber se reinventar. E isso não é de hoje. É só olhar como “Family Guy” perdeu relevância e parece estar no automático há uns bons anos. 

Tentar humanizar o urso também não funciona. No primeiro filme, Ted é a escada para que o personagem de Mark Wahlberg (cada vez melhor em comédias) possa brilhar. Neste caso, como o dono do drama, tudo fica superficial (e olha que o nível de profundidade exigido em uma comédia besteirol não costuma ser muito alto). Outro problema é Amanda Seyfried. A loirinha é uma fofa, está ainda mais linda que de costume, mas não tem a força de uma Mila Kunis em cena. 


No fim, “Ted 2” comete o mesmo erro de “Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola”. O filme se estende demais e acaba ficando cansativo. A cena da Comic-Con, por exemplo, poderia ser mais curta, mas a impressão que fica é que ela é usada mais como um fan service. 

Por mais que pareça uma bomba, devido a quantidade de falhas elencadas acima, “Ted 2” é um filme divertido. Bom para ver com amigos ou para esquecer os problemas por duas horas e dar risadas. Deixe as expectativas do lado de fora do cinema. Vai que você se surpreende!

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Cinemito comenta - Quarteto Fantástico

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Depois de um “clássico” em 1994 e dois filmes muito ruins em 2005 e 2007, a Fox resolveu fazer um reboot do Quarteto Fantástico. De cara, muitos já não gostaram da ideia. Quando anunciaram o elenco, gostaram menos ainda. Foi revelado que a história sofreria algumas mudanças. Aí piorou. Ou seja, desde o início, a situação não estava muito favorável para o grupo do Sr. Fantástico. 

Com todo esse marketing negativo e supostas refilmagens, o filme finalmente chegou aos cinemas e ficou aquela impressão de que poderia ter sido bem pior. Podemos até dizer que é melhor que os outros três, o que definitivamente não é nenhum elogio.


Mas o filme até que começa bem e cria uma clima legal para a história. Durante os primeiros 40 minutos, estava gostando, e pensei que as críticas poderiam ser injustas. Mas estranhamente a situação desanda no momento em que eles ganham os poderes. O negócio vira um monte de acontecimentos e frases clichês que são capazes de fazer o espectador se interessar menos pela história. Em certo momento, eu estava tão desinteressado que acabava pensando em besteiras tipo “é, realmente o Coisa não usa calças” ou “opa, o Sr. Fantástico é dublado pelo mesmo cara que faz o Homem-Aranha do Tobey Maguire”. 

E além da história se perder, o roteiro não se dá muito ao trabalho de desenvolver os personagens. O único que tem chance de criar alguma coisa é Miles Teller, já que Reed Richards é quem tem mais destaque. Conseguiram deixar a Mulher Invisível sem sal, embora Kate Mara se esforce para fazer com que tudo fique mais interessante. O Tocha passa o filme inteiro sendo um bad boy que vive de frases de efeito. O Coisa, que seria a melhor oportunidade para ter um drama na história, acabou ficando meio deslocado. E o Dr. Destino é mais um vilão com motivações fracas (e até sem sentido) que, justiça seja feita, nem tem muito tempo para se tornar algo muito ameaçador.


Talvez o maior problema do filme seja que ele não tem uma cena incrível, algo que fique marcado, e também nunca somos surpreendidos, por que não é difícil de imaginar que eles vão tentar achar uma cura e também como vai terminar a luta final. 

"Quarteto Fantástico" já tem uma sequência programada para 2017 e também há planos para um crossover com os X-Men. Agora é ficar na torcida para que melhore, que seja algo que faça valer a pena ir no cinema assistir. Senão, a gente espera pra ver em casa mesmo.


Nota do editor: Neste caso, vamos esperar chegar em home vídeo. No meio de tantas críticas negativas, prefiro assistir para ter uma opinião, mas em tempos assim, prefiro não arriscar meu suado dinheirinho! :D

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Wet Hot American Summer. O filme e a série

14:05 Unknown 0 Comments



Tem filmes que já nascem cults. Outros são criticados, ignorados, e com o passar do tempo, ganham status de novos clássicos da cultura pop. Alguns são quase uma unanimidade, como “Clube da Luta” ou “Blade Runner”. Outros ganham esse título pela (falta de) qualidade. Tem filmes ruins, mas tão ruins, que acabam sendo bons. Caso de “Wet Hot American Summer”, que no Brasil recebeu o título de “Mais um Verão Americano”. 

Lançado em 2001, o filme foi um fracasso de público, faturando pouco mais de 300 mil dólares nas bilheterias. Mas com o lançamento em DVD, aos poucos, começou a ganhar notoriedade. E isso se deve ao elenco. Vários atores, pouco conhecidos na época, iriam se tornar astros. Caso de Bradley Cooper, Paul Rudd, Amy Poehler e Elizabeth Banks. 

A vida seguiu para todos eles... Até terem a chance de repetir a dose. O Netflix, em mais uma jogada surpreendente, bancou uma série baseada no longa. A empresa já está acostumada a ressuscitar produções, caso de “Arrested Development” e “The Killing”, mas é a primeira vez que transforma um filme em seriado. 

Mais do que isso. Pegou um filme pouco conhecido fora dos Estados Unidos e levou para todo o mundo, apostando no “selo Netflix de qualidade”. E parece ter dado certo. No IMDb, a nota média é 8.1. No Brasil, os usuários do Filmow deram 3.9 (de um máximo de 5). 

O último dia de acampamento 


O filme é a típica comédia descompromissada do início dos anos 2000. Em uma época de “Todo Mundo em Pânico” ou “Não é Mais um Besteirol Americano”, provavelmente os dois “grandes” nomes do besteirol-paródia da época, o diretor David Wain e o roteirista Michael Showalter (um dos protagonistas do filme/série) apostaram em uma sátira aos títulos de acampamento dos anos 80, mas sem emular situações. 

De maneira bastante resumida, “Wet Hot American Summer” é um filme ridículo. Mas de um jeito extremamente positivo. O roteiro foi construído com um humor totalmente nonsense, daquele tipo ame ou odeie. Uma história boba, que não abre mão de construir piadas com as situações mais absurdas possíveis. Tudo para arrancar uma risada. Sabe aquela história do “é tão ruim que acabou bom?”. Bem por aí! 

O elenco é espetacular. Além dos citados acima, o filme conta com Janeane Garofalo (24 Horas), David Hyde Pierce (Frasier), Christopher Meloni (Law & Order Special Victims Unit), Joe Lo Truglio (Brooklyn 9-9), Ken Marino (Marry Me), Molly Shannon (Saturday Night Live), Marguerite Moreau (Grey’s Anatomy) e Judah Friedlander (30 Rock). 

O primeiro dia de acampamento 


Na contramão da maioria das produções, Wain e Showalter apostaram em um prequel dos acontecimentos do filme. O que poderia parecer anticlímax, já que você já sabe o destino de cada um dos personagens, acaba se mostrando uma decisão acertadíssima, já que é mostrada a origem deles. E nesta parte, meu amigo, a zoeira não tem limites. 

Outro acerto é trazer o mesmo elenco (mesmo que os personagens estejam mais jovens que no filme, e os atores, quase 15 anos mais velhos). Na primeira cena dos monitores, com vários quilos a mais e fios de cabelos a menos (principalmente Showalter) é impossível segurar a risada. Novamente, ridículo ao extremo. E mais uma vez, da melhor maneira possível. 

De um grupo de jovens atores, o elenco é recheado de estrelas que não escondem que estão se divertindo em cena. Como não é fácil ajustar a agenda de tantos astros para uma produção deste tipo, alguns, infelizmente, têm pouco tempo de cena, caso de Bradley Cooper. Mas na trama, ele sempre está lá, mesmo que não vejamos o rosto dele. Quem assistir vai entender. E provavelmente vai rir. 

Tão surpreendente quanto reunir o elenco do filme, é ver a quantidade de nomes importantes em cena nos oito episódios. Chris Pine (Star Trek), Kristen Wiig (Missão Madrinha de Casamento), Jason Schwartzman (O Grande Hotel Budapeste), Jon Hamm (Mad Men), Michael Cera (Arrested Development), John Slattery (Mad Men) e Lake Bell (A Voz de Uma Geração). 

Como a história se passa em 1981, o clima da década precisou ser resgatado. E agrada até quem não viveu aquela época (quem cresceu assistindo a Sessão da Tarde sabe o suficiente da cultura pop dos anos 80). O figurino apresenta o que a indústria da moda fez de pior, funcionando quase como mais um personagem. A trilha sonora também é ótima. O personagem de Chris Pine, por exemplo, merecia um disco lançado oficialmente. 

A série funciona sozinha, até porque seus eventos antecedem o longa de 2001. Porém, quem assistiu o filme vai aproveitar mais a série, já que muitas piadas, principalmente as mais sutis, são feitas para quem já conhece os personagens. 

É perfeita para o domingo do saco cheio, ou para a tarde de folga chuvosa. São oito episódios de meia hora cada. Ou seja, acaba rapidinho. Se não for pelas piadas (que não são feitas para todos os públicos), dê uma chance pelo clima anos 80. A nostalgia sempre vence. E vai que, assim como o filme, a série também vira cult!

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