Algumas linhas sobre Jessica Jones

08:04 Unknown 0 Comments




Ah esse Netflix... Nos últimos tempos, nenhuma outra empresa de entretenimento (tirando a Disney com suas franquias) consegue mobilizar tanto as pessoas quanto eles. O termômetro está nas redes sociais. A nova produção original do serviço de streaming, "Jessica Jones", a segunda da parceria com a Marvel, estreou na sexta-feira passada. No dia seguinte, muita gente já havia assistido todos os 13 episódios (que correspondem a 11h16min).

Em um ritmo mais lento, aceitei o desafio, também fiz uma maratona, e compartilho as minhas impressões nestas mal traçadas linhas:

Começando do princípio

Não é uma série de heróis. Se não fosse o logo da Marvel, os créditos e uma ou outra citação sobre os Vingadores, provavelmente ninguém se daria conta que ela faz parte do mesmo universo do cara verde e do capitão com asas no capacete. A produção pouco explora os poderes de Jessica, aliás, praticamente ignora a maneira como ela os adquiriu.

“Jessica Jones” ganha ao criar identificação com o público, afinal, ela é gente como a gente. Mora em um muquifo, mal consegue pagar as contas (já que trabalha mais com os próprios casos do que para os clientes), compra o whisky mais barato, tem um notebook velho (um Acer ainda por cima!), deixa o celular carregando a noite toda. Pode parecer pouco, mas são detalhes desprezados pela maioria das séries/filmes, e que a aproximam.

Diferente de tantos protagonistas dos quadrinhos, Jessica não é uma heroína relutante. Apesar do eterno mal humor, ela não esconde o desejo de ajudar as pessoas. Tanto que cogitou a ideia de usar um colant branco e usar o codinome Safira (em uma ótima tiração de sarro com o material original).

A Jessica Jones de Krysten Ritter tem um quê de Keanu Reeves. Ela parece ter apenas uma expressão durante todos os minutos em que está em cena. E mesmo assim, é carismática. Mas tenho minhas dúvidas se ela foi a melhor escolha para o papel. Fisicamente falando, a australiana Jessica De Gouw (a Huntress, de “Arrow”), uma das cotadas para dar vida à personagem, parece melhor. Porém, apesar de tudo, o trabalho de Ritter não compromete.

Qual das duas parece mais com a heroína dos quadrinhos?

No outro lado da moeda, está o nêmesis da heroína. A cada episódio, Jessica deixa de ser a protagonista da própria série, que passa a ser dominada (ou seria controlada?), por Kilgrave. Méritos de David Tennant, aquele cara simpático que foi um dos protagonistas de “Doctor Who”, que desta vez, cria um vilão no pior sentido da palavra.


Cruel, cínico, um completo sociopata. Aquele cara que é impossível criar afeição. Um legítimo, desculpe a expressão, filho da puta (aliás, você do Twitter, que está colocando foto dele e criando fandom, por favor, pare!). Mas, que também é desconstruído ao longo dos 13 episódios. No início, era mostrado quase como uma entidade superior, uma força da natureza, e no final, poderia até gerar pena, de tão maluco que é. Ah, e felizmente, diferente dos quadrinhos, ele não é roxo (ou púrpura, como queiram).

Dos personagens coadjuvantes, apenas Trish Walker (a ex-pantera Rachael Taylor) e Luke Cage (Mike Colter) merecem destaque. A primeira convence como a melhor amiga (e única pessoa que tem o amor verdadeiro de Jessica), mas quando resolve ajudar na missão, dá uma forçada na barra. Já o dono da próxima série da parceria Netflix/Marvel cumpre bem seu papel de namorado da protagonista e já garante alguns fãs para quando estrear seu próprio show.


O problema da série está, primeiro, nas inúmeras voltas que o roteiro dá. Ao contrário de “Demolidor”, que soube utilizar seus 13 episódios para desenvolver os personagens, em “Jessica Jones”, a protagonista poderia ter acabado com os problemas na metade do tempo. Mas para preencher a meta de capítulos, apelaram para algumas soluções que servem apenas para atrasar a história. Pelo menos, o final vale a pena, já que apresenta uma boa batalha e deixa ganchos interessantes.

Outro erro, para mim, é o excesso de atenção dado a alguns personagens que não acrescentam nada à trama. Ou você vai me dizer, em sã consciência, que os gêmeos Robyn e Ruben, ou até mesmo Malcolm, que participa de 12 episódios (!) servem para alguma coisa, a não ser irritar. Nem mesmo  Carrie –Anne Moss, a eterna Trinity, é explorada como deveria.

É uma série irregular, mas importante dentro deste universo, já que apresenta uma personagem com características que ainda não haviam sido mostradas nas versões em live-action da Marvel. Além disso, após o êxito de “Demolidor”, serve para quebrar ainda mais aquela estrutura já cansada dos filmes da editora, garantindo fãs que podem nem se interessar pelo gênero, já que, como comentei acima, se não fosse a logo e uma ou outra citação, ninguém diria que é uma série de heróis. E que venha “Luke Cage” para somar ainda mais!

OBS: Quem quiser conhecer um pouco mais da personagem, é só conferir este artigo dos parceiros do Nercida!


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