Os Cavaleiros do Zodíaco – Saint Seiya: Soul of Gold
Depois de quase seis meses de exibição, chegou ao fim
nesta sexta-feira “Saint Seiya – Soul of Gold”, spin-off de “Os Cavaleiros do
Zodíaco”, exibido por streaming no Daisuki e Crunchyroll. E após acompanhar os
13 episódios da produção, é hora dos comentários.
As últimas tentativas da Toei com CDZ não foram das
melhores. “Saint Seiya Omega” foi massacrado pelos fãs antigos (que cá entre
nós, é quem faz a roda do consumismo girar), enquanto “A Lenda do Santuário”, o
filme em CG, teve um resultado no mínimo decepcionante. A solução para reverter
este quadro foi apostar na boa e velha nostalgia, trazendo de volta os
cavaleiros de ouro, que são tão, ou até mais populares que o quinteto
protagonista.
A reação inicial foi das melhores, afinal, a maioria dos
fãs queria ver os dourados com as armaduras divinas. A escolha de Asgard como
cenário, porém, dividiu opiniões, seja por ser palco do maior filler da série
original, ou simplesmente pelo repeteco.
Por um lado, a escolha da terra do gelo foi interessante,
já que permitiu uma abordagem interessante do local, ao contrário do que foi
mostrado na série clássica, além do fato de trazer um vilão conhecido do grande
público, no caso, Loki, o deus da trapaça. Por outro, é preguiçoso pegar um
lugar conhecido enquanto que temos tantas mitologias que poderiam ser
trabalhadas.
Outra decisão polêmica é usar Aiolia como protagonista,
já que o cavaleiro de Leão não está nem entre os três favoritos dos fãs.
Segundo uma pesquisa japonesa, Saga de Gêmeos, Shaka de Virgem e Camus de
Aquário são os mais populares. Entretanto, pesa na balança o fato de que Aiolia
é, dos golds, o mais parecido com Seiya em personalidade.
Resultado final
Eu cansei de ver, principalmente no Facebook, gente
reclamando que a história é ruim e isso e aquilo, como se a obra original fosse
conhecida pela qualidade do roteiro... Em 13 episódios, “Soul of Gold” teve uma
trama redonda, com pontas bem amarradas.
Exemplo disso é um dos “erros” mais comentados desde o
início, que era o fato das armaduras de ouro não estarem com os cavaleiros de bronze
no Elísios, já que a história de SoG se passa simultaneamente com a última
parte de Hades. No último episódio, porém, após a vitória sobre Loki, surge o
desejo de ajudar Seiya e os outros, e ligando as tramas, Poseidon dá uma
ajudinha, levando as vestes de Sagitário, Libra, Aquário, Leão e Virgem para o
além.
O deus dos mares, aliás, não é o único personagem
clássico a dar as caras em SoG. Hilda e Freya aparecem diversas vezes em
Asgard, enquanto os guerreiros deuses da fase clássica são mostrados em
flashbacks, assim como as batalhas contra Hades no Santuário e até Shion na Guerra
Santa anterior. Já os cavaleiros de bronze, além das lembranças, são mostrados
durante alucinações, infelizmente com uma animação tenebrosa.
Personagens clássicos apareceram em flashbacks, mas nem um pouco parecidos com os originais
Falando em animação, chegamos a um dos temas mais
discutidos da produção. Não que SoG tenha episódios “bugados”, como “Dragon
Ball Super”, mas o traço, em geral, é fraquíssimo. Os desenhistas da Toei
Animation tentam emular a arte do mestre Shingo Araki, mas não chegam perto. Cenários
e coloração, porém, saltam aos olhos.
A qualidade da animação estava longe da esperada
O principal mérito de SoG foi dar chance para que todos
os cavaleiros de ouro pudessem brilhar. Saga, Shaka e Mu, como de costume,
tiveram destaque. Mas foi ótimo ver Aldebaran, Máscara da Morte e Afrodite em
ação sem dever nada para os companheiros.
Outro acerto foi fechar várias lacunas da série clássica,
como o rancor que Aiolia sentia por Shura ter matado Aiolos, ou o perdão do
cavaleiro de Sagitário a Saga, que arquitetou todo o plano de dominação do Santuário.
Além disso, não existe fã que não quisesse ver os dois irmãos lutando lado a
lado.
Mas nem só de elogios vive SoG. Se por um lado, o design
dos cavaleiros de ouro foi mantido, os guerreiros deuses decepcionam com as
armaduras genéricas. O principal deles, por exemplo, parece o Shurato (e pensar
que na época, eles é que “se inspiravam” em CDZ). Outros pontos incomodaram
alguns fãs, como as lutas, pouco sangrentas em relação ao anime original, além
das inúmeras lições de morais, sempre presentes em “Os Cavaleiros do Zodíaco”.
Capitalismo
selvagem
Por melhor que seja o resultado final, para a Toei, “Soul
of Gold” é apenas um chamariz para outros produtos. Tanto que no mesmo dia que
a série foi anunciada, já rolavam as primeiras fotos de Aiolia com a armadura
divina. Mas isso é um problema? Não.
Desde o primeiro episódio, CDZ tinha como missão vender
bonecos. Quanto mais armaduras tivermos, mais brinquedos estarão nas lojas – é
só pesquisar quanto custam os inflacionados cavaleiros de aço para ver que eles
acertaram. E mesmo assim, ninguém deixou de ser fã, pelo contrário, consumiram
os produtos felizes da vida.
Para a Toei, o saldo não poderia ser mais positivo. Antes
da exibição do episódio 12, os episódios já tinham mais de 50 milhões de visualizações no
mundo todo, o que ajudou a bombar os tantos bonecos das armaduras divinas – até
Aiolia com o traje de Odin será lançado. Além disso, em outubro sai o novo jogo
para PS3 e PS4, chamado “Os Cavaleiros do Zodíaco: Alma dos Soldados”.
Ah, e lembram das reclamações sobre a má qualidade na
animação? Quem paga vai sofrer bem menos com isso. A versão em Blu-ray, cujos
primeiros volumes já foram lançados, tem cenas corrigidas, como já é de praxe
em produções da Toei, como “Sailor Moon Crystal”. E a diferença é notável.
Diferença da animação é gritante nas versões streaming e blu-ray
Os blu-rays, aliás, estão lindos. Ao todo serão seis
volumes, o suficiente para ter todos os 12 cavaleiros de ouro nas capas. Resta agora
torcer para que a Playarte, que está apostando em Omega no formato, traga SoG
para o Brasil. Sabemos que a qualidade não será das maiores na apresentação,
mas só de ter no país, já seria uma vitória.
E o futuro?
No intervalo do último episódio, foi exibido um comercial
prometendo novidades para os fãs, que serão reveladas entre os dias 30/10 e 01/11,
durante uma exposição que será realizada em Tóquio. A dúvida agora é: qual será
a surpresa?
O mais provável é que tenhamos uma nova linha de bonecos.
Mas como sonhar não custa nada, começam as especulações sobre um novo anime.
Podemos ter um remake, provavelmente na mesma linha de “Dragon Ball Kai”. Ou porque
não, o início da sonhada versão para a TV de “Next Dimension”, atual projeto do
autor Masami Kurumada? Só podemos descartar uma terceira temporada de “Lost
Canvas”, já que não é produção da Toei e ainda por cima não teve um bom retorno
financeiro em solo japonês.
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