Cinemito comenta - Cinco anos do final de Lost

16:23 Unknown 1 Comments



Domingo à noite costuma ser uma chatice. Geralmente não há muito o que fazer, programas ruins na TV e rola aquele desânimo por lembrar que no outro dia é segunda e começa a semana outra vez. Mas a noite do domingo de 23 de maio de 2010 foi diferente. “Lost” chegava ao fim depois de seis temporadas e o destino de Jack e seus companheiros de ilha era aguardado por milhões fãs. E eu era um deles. 

Admito que não tinha o costume de acompanhar séries. Assistia “Friends” e “Um Maluco no Pedaço” às vezes, aí o Thiago (esse mesmo, o dono do blog) me disse para ver uma tal de “Lost”, que estava começando e era interessante. Resolvi dar uma chance e fui assistir o episódio seguinte que ia passar na AXN. Era o episódio quatro, onde o Jack vê o pai dele na ilha (um senhor de terno, tênis branco e que tinha chegado lá dentro de um caixão). Então o vício começou. 


E era difícil não se viciar: um enredo que misturava drama, comédia e sci-fi e um grupo de personagens interessantes. Impossível não se identificar com pelo menos um deles. E isso foi a receita do sucesso. 

“Lost” foi um marco na história da televisão, não há como negar. Mudou completamente o jeito de se fazer séries e o relacionamento com os fãs. Por que você não apenas assistia. Você podia fazer parte daquilo. O episódio acabava e todo mundo corria para a internet debater os acontecimentos, ler as reviews e criar teorias. E no quesito "criar teorias" ninguém bateu os fãs de “Lost”. Essas teorias não eram criadas do nada, as pessoas faziam estudos sobre física, Bíblia, história egípcia, entre outras coisas, e criavam teorias malucas (outras nem tanto) sobre o que era a ilha, o que os personagens representavam... Era fácil ficar horas em sites e no Orkut (saudades comunidade Lost Brasil) lendo tudo sobre o programa. 

Cada vez que uma temporada terminava, não significava que a série não teria novidades, pois entre as temporadas eram lançados vídeos (alguns davam dicas e respostas sobre os mistérios) e jogos (no último deles, o participante fazia testes para entrar na Dharma) que enriqueciam ainda mais a experiência de acompanhar o show. E “Lost” sabia deixar os espectadores loucos por mais. Os responsáveis pela série introduziram na mitologia elementos que ficavam na cabeça dos fãs e, no fim das contas, a série passou a fazer parte da vida de muita gente. Afinal, quem nunca jogou 4 8 15 16 23 42 na loteria? Ou se pegou cantando “you all everybody”? Ou até mesmo fez uma tatuagem? 


O tempo foi passando, os mistérios aumentando, mas o que mais se ouvia dos produtores era que “Lost” era uma série sobre pessoas, o que deixava muitos um pouco contrariados. Mas agora, cinco anos depois do fim, se a gente analisar bem, isso é uma verdade. Parando para pensar, qual a primeira coisa relacionada a “Lost” que te vem na cabeça? Acho pouco provável que seja ''o que é a ilha?'' ou os números. Provavelmente deve ter lembrado de algo que te emocionou. Uma cena com aquelas pessoas ou algum episódio impactante. O início do primeiro episódio; Boone morrendo ao mesmo tempo que Aaron nasce em outra parte da ilha; Charlie se sacrificando; o telefonema de Desmond e Penny em “The Constant” (possivelmente um dos melhores episódios já vistos em todos os tempos); a reação de Ben ao ver a filha ser assassinada; e o “WE HAVE TO GO BACK!”, que explodiu cabeças, são momentos que não saem da lembrança de qualquer apaixonado por “Lost”. 


Depois da ilha sumir, viajar centenas (milhares?) de anos para o passado, para a década de 70, e depois voltar para o presente, a sexta e última temporada veio com a missão de dar as tão esperadas respostas. E elas vieram. É sério, elas estão lá, embora muitos insistem em dizer que não existem. Se foram satisfatórias ou não, bom, aí vai do critério cada um. Acredito que o maior problema que “Lost” enfrentou foi o excesso de expectativa. Muitos esperavam uma solução complexa e extremamente inovadora e o fato de que a história era basicamente a velha luta do bem contra o mal pode ter frustrado os mais empolgados. 

Enfim, o domingo citado lá no início do texto havia chegado e o final dividiu opiniões. Uns gostaram, outros odiaram. E, claro, houve muita análise de cada detalhe do episódio. Acreditem, até os créditos finais foram motivos para teorias malucas. E é sempre bom lembrar: eles não estavam mortos desde o começo (!). 

Mas quando Jack fechou os olhos naquele sugestivo dia 23, todos sabiam que algo único tinha terminado. Um fenômeno que não aparece toda hora na TV. Uma série que soube mexer com as emoções do espectador como ninguém e por isso até hoje tem uma legião de fãs. E eu sou um deles. Daqueles que se sentiram privilegiados por fazerem parte dessa jornada. 


E justiça seja feita: independente de você ter gostado do final ou não, a jornada até ele foi sensacional. Namastê.

Um comentário:

  1. Eu só fui assistir a Lost há dois anos e foi o Thiago também que me viciou. Era difícil um dia que não assistíamos, e quando isso acontecia, parecia que havia alguma coisa faltando no nosso dia. Lost é incrível e até hoje lembro com carinho de diversas cenas. Chorei com o Charlie morrendo afogado.
    Excelente texto! ;)
    Angelica
    www.angelicabrunatto.com.br

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