A volta de Dragon Ball

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Poucas coisas são mais fortes que a nostalgia. Não tem outra maneira de explicar o motivo de tantos marmanjos deixaram os filhos em casa e lotaram salas de cinema para assistir “Os Cavaleiros do Zodíaco – A Lenda do Santuário” (e voltarem decepcionados). Junte um grupo de profissionais. Médicos, advogados, empresários, jornalistas. Depois faça com que falem sobre Dragon Ball. Disney Cruj. Jaspion. Doug. Pronto, você verá olhos brilhando. É querendo renovar o público, mas sem nunca esquecer do pessoal mais velho, que as produtoras, seja do Japão ou dos Estados Unidos, vivem uma espécie de febre oitentista. 

O último capítulo ocorreu na manhã de hoje, quando a Toei Animation anunciou uma nova produção de Dragon Ball para a televisão. Quase duas décadas depois, o anime volta com uma série supervisionada pelo próprio Akira Toriyama, que não participou da fase GT. A primeira reação de toda a internet (e minha também) foi de festa – ainda mais porque eu conferi a notícia enquanto assistia o Goku lutando contra Piccolo no DB clássico, em uma das reprises do Tooncast. Mas será que essa volta vai valer a pena? 

Para a Toei vai. Sem dúvida. A empresa vai poder vender ainda mais bonecos, jogos, DVDs, Blu-rays, camisetas, canecas e todo tipo de quinquilharia. Mas e para os fãs que esperam que a produção original seja respeitada? 

Com Cavaleiros do Zodíaco tivemos a mesma situação. Ganhou série e filme para buscar uma nova geração de espectadores e arrancar um dinheiro da antiga. Conseguiu apenas a segunda parte, já que Saint Seiya Omega, que deveria ser uma continuação da saga clássica, foi execrado pela maioria dos fãs, seja pela animação, esquisitíssima, ou pelo roteiro, que ofende tudo que foi feito nos anos 80.


A mesma coisa pode ser dita sobre “A Lenda do Santuário”. O filme tentou resgatar novos fãs, mas parece que só serviu para afugentar os antigos. Eu sabia que não podia esperar que adaptassem os 73 episódios da saga clássica em uma hora e meia. Mas também não precisava transformar o Máscara da Morte no Jack Sparrow durante um musical da Disney (confira no video) e nem Saga em um monstro gigante. 


Comercialmente, ambos cumpriram bem seus papeis. Mas, mesmo assim, a Toei sentiu a necessidade de reconquistar o fã antigo. Afinal, é ele que paga fortunas por um Cloth Myth. E O que fez? Lança uma série apenas com os cavaleiros de ouro. Se os dois primeiros episódios não são um primor de qualidade (a animação ainda compromete), pelo menos aproveitam justamente o fator nostalgia, pois lida com alguns dos personagens mais carismáticos. 

Se DB vai muito bem com os produtos derivados (seja com diversas linhas de brinquedos ou com os milhares de jogos para todos os consoles), as produções recentes não deixaram a melhor das impressões. 

Começando com Dragon Ball Kai, que deveria ser o recomeço de tudo. O anime clássico, com número reduzido de episódios e remasterizado. Mas não deu certo. Os cortes não melhoraram o ritmo do roteiro e a animação é a mesma do original. A única coisa em HD é a abertura. Mas fez sucesso. Tanto que ganhou uma nova temporada com a saga Boo, que ficou fora da primeira exibição, que começou em 2009. 


Os brasileiros, porém, não devem sentir tanta falta do remake. Péssimos horários de exibição e alteração no elenco de dubladores (Vegeta sem a voz de Alfredo Rollo não funciona) fizeram com que Dragon Ball Kai ficasse esquecido (inclusive pela Playarte, que parece ter desistido de lançar os DVDs). 

A alta definição só surgiu no universo de Dragon Ball com “A Batalha dos Deuses”, filme lançado em 2013 e que trazia os personagens clássicos, com uma história que integra o cânone da série (os eventos sucedem a luta com Majin Boo). Serviu para mostrar que o universo é cheio de seres mais fortes que Goku, uma nova transformação, uma hora de piadas (fracas), alguns poucos minutos de luta. E só. Tinha uma grande potencial, mas terminou como uma brincadeira.


O filme, porém, foi um sucesso. Tanto que ganhou uma continuação (em exibição no Japão) que apelou para o retorno de Freeza, o vilão mais carismático da série. E também já inventaram uma transformação para a transformação de Super Saiyajin Deus (!). 

O que resta agora é torcer que a o novo Dragon Ball chegue para somar, e não apenas para subtrair. No caso, o dinheiro dos fãs.

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