The Walking Dead: Primeiras impressões
Depois de um tempo afastado do blog (culpa de um trabalho de conclusão de pós-graduação que excluiu o autor do resto do mundo), é hora de movimentar a estante novamente. No pouco tempo longe dos livros e pesquisas, aceitei o desafio de um amigo e depois de cinco anos, dei uma chance a “The Walking Dead”, que é o assunto de hoje.
A primeira experiência com a série baseada nos quadrinhos de Robert Kirkman foi entre 2011 e 2012. Na ocasião, o piloto foi o suficiente. Não que o primeiro episódio não fosse interessante. Ver o mundo pelos olhos de Rick Grimes, sem entender nada do que acontecia, foi uma experiência até agradável. Mas o ritmo lento não empolgou.
Esse amigo, porém, já havia avisado: “Se todo mundo gosta de uma série, é porque alguma coisa boa ela deve ter”. Para ele tinha, já que assistiu os cinco anos em tempo recorde. E ainda avisou: “Só a quinta temporada já faz tudo valer a pena”. Curiosidade atiçada e desafio aceito – ele por sua vez, topou ir para Westeros, acompanhar “Game of Thrones” - e já deve até ter terminado.
Lógico que quando você pega uma série que já tem cinco anos, e entrou na internet neste meio tempo, é óbvio que sabe de algumas coisas. Mas mesmo assim, a experiência tem sido quase que sem spoilers. Então, você amigo que sabe o que vai acontecer, prepare os “sabe de nada, inocente”, e divirta-se!
Sobrevivendo no fim do mundo
- Quer discutir sobre salvar um cara que irá atrair seus amigos para onde estamos?
- É o que uma sociedade civilizada faz.
- Quem disse que ainda somos civilizados?
- O mundo que conhecemos se foi. Mas manter nossa humanidade é nossa escolha.
O diálogo entre Dale e Andrea, na reta final da segunda temporada é uma síntese do que é “The Walking Dead”. Uma reflexão sobre quem seria você no fim do mundo. Quais valores seriam mantidos em uma sociedade em que a única coisa que interessa é sobreviver?
Embora, todos associem “The Walking Dead” com os zumbis (ou melhor, com os walkers), a produção acerta por falar sobre pessoas. Dramas, sonhos, dúvidas. Uma série sobre seres humanos que tentam manter essa humanidade.
Os clichês, utilizados na primeira temporada para apresentar os personagens (o líder, a mocinha, o esquentado, o sábio, o caipira racista...) aos poucos vão sendo jogados na lixeira. E quando a personalidade deles é exposta, a discussão fica mais interessante.
Por mais coadjuvante que pudesse parecer, Dale (Jeffrey DeMunn) foi essencial para que um grupo cada vez mais próximo do caos pudesse manter a sanidade. Uma representação de tudo o que o homem tem de bom. Justo, correto, paciente. No outro lado da balança, Shane (Jon Bernthal) é o que podemos chamar de um cara mau. Temperamental, egoísta, violento, mentiroso, assassino...
Com essas características, não preciso nem perguntar quem você gostaria de ter por perto. Mas não sei até que ponto o homem manteria os valores durante o apocalipse. Talvez por isso Dale tenha sido o cara que mais me irritou nos dois primeiros anos. Já Shane tinha as ferramentas para esse novo mundo. Mas não a cabeça. Se não fosse por ele, talvez os sobreviventes não tivessem chegado tão longe. Poderia ter se tornado o herói – como de fato acreditava ser – mas preferiu terminar como o vilão.
No meio está Rick (Andrew Lincoln), o cara escolhido para viver a jornada do protagonismo. Impossível não associar com Jack Shephard, de “Lost”. Ambos caíram de paraquedas em um mundo adverso, com a ingrata missão de liderar um grupo em busca da sobrevivência. Mas, felizmente, ao contrário do neurocirurgião que caiu na ilha, o xerife não é um mala sem sal.
Sem ter visto o início do apocalipse, Rick já se destaca apenas por sobreviver em um mundo que ele não entende. Afinal, não deve ser fácil acordar e ver que todas as pessoas se transformaram em monstros – até mesmo aquelas que não se tornaram zumbis.
Podia não gostar da missão de liderar, mas não se omitiu. Tomou a frente na busca por um lugar seguro para o grupo, e quando achou, conseguiu convencer Hershel (Scott Wilson) a dar uma chance para a vida em comunidade – enquanto qualquer outra pessoa atiraria primeiro e pediria depois.
Não é um cara bom. Mas também não é mau. Talvez não tenha sido o mais carismático (afinal, Daryl e Shane roubam a cena), mas destaca-se como o mais humano do grupo. A pergunta é: até quando?
Na tela
Assistir a primeira temporada de “The Walking Dead” não foi a mais fácil das tarefas. Provavelmente já assisti séries piores (detalhe nas dúvidas desta afirmação). Mas a verdade é que os seis episódios iniciais não empolgam. Em nenhum momento me vi torcendo pelos personagens, que não apresentaram carisma.
A situação mudou assim que Frank Darabont deixou o controle criativo da série. Quando o piloto foi lançado, pouco liguei para a audiência (que bateu recordes) ou para a própria história. Me interessei pela assinatura de Darabont, responsável por filmes como “Um Sonho de Liberdade” e “À Espera de um Milagre”.
Mas, coincidência ou não, quando Glen Mazzara assumiu o posto de showrunner, a narrativa se tornou interessante. Aqueles mesmo personagens que não causavam a menor empatia, se tornaram importantes, como foi citado acima.
Os cliffhangers passaram a gerar interesse (como o tiro em Carl ou o ataque à fazenda), as mortes causaram impacto e as reviravoltas surpreenderam (o destino de Sophia, que o diga). Foram 13 episódios que apagaram a péssima impressão do ano um e abre um leque de possibilidades para a sequência, que dizem, só melhora.
Esse é aquele momento em que eu penso “devia ter assistido isso antes”. Mas com mais três temporadas de “The Walking Dead” me esperando, é melhor aproveitar do que reclamar do tempo perdido!
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