A quinta temporada de Game of Thrones
Intenso. Essa é a melhor forma de resumir o quinto ano de “Game of Thrones”, que foi encerrado na noite desse domingo. Uma temporada que foi amada intensamente, odiada intensamente, discutida intensamente.
Causou nojo, com a cena do estupro de Sansa, e arrepiou com a batalha de Hardhome, que é, desde já, uma das maiores cenas da história da televisão. Uma temporada oito ou oitenta. Impossível ficar em cima do muro.
Foi um ano de acertos.
E começou cedo, com a escolha de Jon Snow para comandar a Patrulha da Noite. Eu que não gostava do bastardo do norte, vibrei com ele durante os dois meses de exibição. Seja quando recebeu o voto decisivo do Meistre Aemon; quando recusou o que mais queria, no caso, se tornar oficialmente um Stark; ou no momento em que lembrou o pai, e decapitou o Lorde Janos.
Jon, porém, havia sido criado como um Stark, que dava seus passos de acordo com o que o coração mandava. Mas como em Westeros, não entrar no jogo é praticamente uma sentença de morte, ele teve o mesmo destino do pai e do irmão.
A cena final, com o corpo de Jon estendido e o sangue invadindo a neve, chocou. Uma surpresa que pode ser comparada ao destino de Ned ou ao Casamento Vermelho. Mas tudo o que ele fez, o levou a esse fim.
O bastardo ignorou todos os avisos dos companheiros de Muralha para resgatar os maiores inimigos da Patrulha da Noite. Aqueles mesmos que na temporada anterior, só não mataram todos, porque Stannis chegou para definir a batalha. Sem nenhum aliado, ele era uma presa fácil. E nós também. Tanto que a internet quase explodiu após o episódio. Mas essa não será a última vez que veremos Jon, aposto.
Falando em Stannis, o “rei por direito” finalmente brilhou. Um dos personagens mais sem sal mostrou valor, roubou cenas e fez fãs. Precisou de quatro temporadas para ser amado, mas apenas dois minutos para ser odiado.
O fanatismo o cegou. Seja pelo trono, ou pela crença no Deus Vermelho. Viu a morte de metade dos soldados durante a marcha para Winterfell, mas nada justifica o sacrifício de Shireen. Um dos homens mais bravos dos sete reinos havia se tornado um covarde. Não apenas por entregar a filha para Melisandre, mas também por não ter coragem de vê-la queimar.
A cena gerou uma grande polêmica, mas foi necessária para o desenvolvimento da narrativa, já que foi determinante para a derrota de Stannis. Apesar da morte do personagem não ter sido mostrada de maneira explícita, a “punição” pelas mãos de Brienne faria sentido, afinal, não se podia esperar outro destino para o homem que fez macumba para matar o irmão e queimou a filha.
Vale registro o trabalho de Stephen Dillane. O ator inglês conseguiu dar carisma a Stannis quando ninguém esperava mais nada dele, mostrou o sofrimento por chegar ao extremo e o momento da derrota.
Cersei também voltou a ter destaque. A rainha-mãe, que havia ficado em segundo plano após a ascensão de Joffrey, aproveitou a ausência do pai para manipular Tommen e vencer a guerra de egos contra Margaery. Mas assim como Jon e Stannis, suas ações causaram a própria queda.
Além de ser a mulher mais bela dos Sete Reinos, Cersei mostrou ser uma boa estrategista, já que em um golpe de mestre, deu ao Alto Pardal poder e autonomia para fazer valer a “lei de Deus”. Tanto que assim, se livrou de Loras e Margaery.
Mas o que esperar da mulher que teve filhos com o irmão, no meio de tanto fanatismo religioso? Em uma ótima virada, Cersei desceu do trono para a masmorra. Precisou se ajoelhar para pedir perdão ao Alto Pardal, e em seguida, em uma cena forte, que mostrou um grande trabalho de Lena Headey, desfilou nua, humilhada pelas ruas de King’s Landing.
E agora? O castigo fará de Cersei uma outra pessoa ou já podemos esperar por vingança. Vou na segunda opção. E prevejo uma guerra contra a fé na sexta temporada, afinal, a rainha-mãe está em liberdade provisória.
Em Meereen, o núcleo de Daenerys começou arrastado, já que a Khaleesi parece ter desistido do trono de ferro. Nem mesmo a morte de Sor Barristan chocou como deveria. Mas o retorno de Sor Jorah e a chegada de Tyrion mudou tudo.
O encontro do Lannister com a Targeryen representou um dos momentos mais esperados da história, já que desde o primeiro ano, a expectativa de unir os núcleos era grande. E apesar do pouco tempo de cena, a química foi bastante interessante.
A trama envolvendo os Filhos da Harpia, entretanto, parece não ter servido para muita coisa. Apenas para que Jorah (que já espera a morte) pudesse regressar aos braços de sua rainha e para que Tyrion tivesse uma nova chance de reinar. Desta vez, longe de casa. E o que esperar de Dany novamente entre os dothraki?
Infelizmente, também foi um ano de erros
E o maior deles, foi o núcleo envolvendo Sansa. Ela, que passou quatro temporadas escondida entre as sombras dos outros personagens, teve a chance de crescer. Mas ao invés disso, a vimos sofrer com a mania do roteiro de chocar por chocar.
Eu não reclamei da morte de Shireen, já que aquilo foi necessário para a narrativa. Mas qual foi a finalidade de Sansa ser estuprada por Ramsey? Mostrar que ele era um monstro? Acho que a audiência já havia percebido isso após os (muitos) episódios de tortura que geraram quase uma lavagem cerebral em Theon Greyjoy.
E não adianta a defesa de que a história reflete uma sociedade patriarcal e machista da era medieval. Não é preciso ver mais que dois ou três episódios para se dar conta disso. Mas desta forma, acostumamos uma geração de que o estupro é justificado em determinadas situações.
A única boa notícia de Winterfell foi justamente a morte de Fedor para o renascimento de Theon. Como deveremos ter um núcleo envolvendo os Greyjoys no sexto ano, as expectativas ficam para o crescimento do personagem.
Arya participou do lado mais sombrio da temporada, com a Casa do Preto e Branco e o treinamento para fazer parte dos Homens Sem Rosto. Mas mesmo assim, provou que não consegue deixar de ser uma Stark, pois na primeira oportunidade que teve, continuou a lista da vingança, desta vez, contra Sor Meryn Trant – que revelou ser um pedófilo!
E por fim, o grande erro da temporada, que foi a viagem de Jaime e Bronn para Dorne. E olha que quando saiu o primeiro trailer da temporada, eu arriscava que esse seria um ponto alto. Mas não foi.
O roteiro resolveu bagunçar tudo que os livros tinham feito. Cortou personagens, mudou motivações. Ficou tudo muito preto no branco, sendo que o universo de “Game of Thrones” é cinza. Eu gosto de Jaime. Mas não precisa forçar a barra para torná-lo o herói. Basta que a história continue seu rumo (sem inventar cenas como o estupro em Cersei, no quarto ano). Além disso, parece que faltou verba para retratar Dorne, e o lugar que é descrito com muitos detalhes na literatura, se resumiu a um deserto e um castelo.
O ponto alto foi a revelação de Jaime, de que ele é o pai de Myrcella, para descobrir em seguida que ela já sabia. Tudo para matar a menina. Querem começar uma guerra entre King’s Landing e Dorne? Se não for isso, vai ter sido mais um momento desnecessário.
Foi uma temporada de altos e baixos. Mas foi impossível ficar indiferente.
A espera será longa até o ano seis. O negócio é torcer que abril chegue logo!
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