Os trailers, a experiência do cinema e o Homem-Aranha

15:19 Unknown 0 Comments



A quinta-feira, 10 de março, foi marcante para os fãs de quadrinhos e cultura pop. O novo trailer de “Capitão América: Guerra Civil” já seria o assunto do dia se tivesse acabado no momento em que surge a logo do filme. Seria. Mas na sequência, o Homem de Ferro chamou um tal pirralho e o resto todo mundo já sabe, já que a cena quase quebrou a internet.

Eu não vi o trailer. Assim como não vi nenhum dos trailers anteriores. Decisão que teve início após assistir “Vingadores: A Era de Ultron” e perceber que não havia nenhuma surpresa. Tudo de importante já havia sido mostrado. Mas a gota d’água ocorreu com “O Exterminador do Futuro: Gênesis”, já que a prévia entregava a grande reviravolta do filme.

O trailer tem o papel de instigar, convencer a assistir o filme. Não de mostrar tudo o que vai acontecer nele. Não são poucos os que entregam cenas cruciais para a história. Às vezes, até o final está lá. Sem falar nas comédias, cujas melhores piadas já foram apresentadas na prévia, deixando o que para o produto final?

Lembro que fazia questão de chegar cedo ao cinema para não perder os trailers. Hábito que foi quebrado pela internet. A mesma rede que fez com que as informações circulassem cada vez mais rápido, mais rápido e que criou essa guerra pela geração de buzz. “Se ‘Batman vs Superman’ vai agitar com a venda dos ingressos, vamos pegar o foco com o Homem-Aranha”, pensaram eles. E infelizmente, estão certos. O resultado está aí.

Mas não seria bem mais legal só ver esta cena na tela grande, assim como foi a tão esperada aparição de Luke no novo “Star Wars”? Dane-se a experiência de quem está assistindo. O negócio é usar todas as armas para levar o máximo de pessoas ao cinema (de preferência, pagando o ingresso mais caro do 3D).

“A Era de Ultron” fez 1,4 bilhão de doletas em bilheteria. Muito disso, graças ao buzz gerado naqueles vários teasers e trailers que entregaram tudo. Não é um filme perfeito, longe disso (apesar de que eu ainda prefiro ele ao primeiro), mas a experiência no cinema certamente seria muito superior se não fosse o excesso de conhecimento prévio. 

Hulkbuster? Luta? Relaxa, o trailer já mostrou tudo!

Não desisti da minha convicção. Como comentei acima, não assisti ao trailer. Mas vi a cena do Aranha. Repetidas vezes. A única maneira de não ser consumido pelo imediatismo das informações é ser congelado. Nos sites especializados, é óbvio que este vai ser o assunto. Mas no Facebook (onde os vídeos começam sem dar play), se você está em algum grupo, ligado de alguma maneira a cultura pop, vai acabar vendo (até porque todo mundo quer ser o primeiro a dar o furo). Se algum amigo seu gosta, ele vai postar e você vai acabar vendo. No Twitter, você vai acabar vendo. Até na televisão deve ter passado em algum “Leitura Dinâmica” da vida...

Como escreveu o ótimo Thiago Cardim no Judão, eu também não queria ver o Homem-Aranha no trailer. Mais que isso, eu não queria ver o trailer. A experiência da magia do cinema respira por aparelhos. Assim que encontrarem uma maneira de gerar ainda mais dinheiro, ela morre de vez. 

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