De volta a uma galáxia muito, muito distante
Eu nasci em 1989. Seis anos depois da estreia de “O Retorno de Jedi”. Quando o “Episódio I” foi lançado, eu já tinha 10, uma pequena coleção de VHS (que inclusive incluiria “A Ameaça Fantasma”), algumas boas idas ao cinema e amor pela sétima arte. Posso dizer que sou da geração da trilogia nova.
Eu fui apresentado a “Star Wars”, ou melhor, a “Guerra nas Estrelas” lá nos anos 90, quando rolou o relançamento em VHS (já com modificações do tio George Lucas). Mas a franquia só me chamou atenção com a preparação para o “Episódio I”. Na época –com a internet limitadíssima – a diversão era ir ao shopping só para ver os pôsteres dos filmes. E aquele cartaz do pequeno Anakin, com a sombra do Darth Vader, era uma das coisas mais legais que um moleque de 10 anos poderia ver.
E quando você tem 10 anos, você gosta do “Episódio I”. Talvez gostar seja uma palavra forte. Vamos melhorar. Quando você tem 10 anos, não acha o “Episódio I” aquela porcaria que é. Porém, nas vezes seguintes, vê que o Jar Jar Binks é um dos piores personagens já criados, que os outros não possuem carisma e que por mais legais que sejam os efeitos especiais, a história não tem graça. Tanto que deixa para ver “O Ataque dos Clones” apenas em DVD. E também não acha graça.
Sai o “Episódio III”, e você deixa passar o tempo no cinema, nas locadoras, na TV... Você tem o DVD dele, e nem assim, tem vontade de assistir.
Os três que valem
O primeiro contato com a trilogia antiga pode ter sido com os VHS, mas só fui saber o que era “Guerra nas Estrelas” graças ao SBT (na época em que a TV aberta era relevante). Os filmes eram legais, apesar de que acho que ainda me faltava um pouco de maturidade para dar o valor devido. Mas também não tinha a noção da importância daquilo.
Os fatos mais importantes eu já sabia, graças a uma coleção velha da Revista SET, que eu havia ganhado de um amigo do meu irmão, e que eu insistia em ler quase todo dia (o que ampliou ainda mais o gosto pelo cinema). Não teve surpresa com a Estrela da Morte. Não teve surpresa na relação entre o Han e a Leia. Não teve surpresa com o “Luke, i am your father” (exibido em bom português, é lógico).
Adolescente, com o gosto cinematográfico ainda em formação (e na época era bem ruim), não entendia o porquê do fascínio que “Star Wars” causava, sendo, para muitos, quase uma religião. E acredito que quase ninguém entende isso. Apenas quem é, de fato, fã.
Mas “Star Wars” segue renovando sua trupe de admiradores. Tem gente que assistiu lá nos anos 70/80. Tem o pessoal que pegou o intervalo, nos anos 90. Tem a minha geração, que cresceu com a trilogia nova. Independente da época, todos foram cativados por algum motivo. E tem aqueles que só foram assistir aos filmes recentemente, embalados pelo lançamento de “O Despertar da Força”. Muitos gostaram. Então não me venha com aquela história de “do nada todo mundo virou fã de ‘Star Wars’”.
Eu fui um desses que aproveitou a estreia do novo filme para tirar a poeira dos blu-ray, relembrar o que tinha de mais importante e apresentar para a esposa. Ela, surpreendentemente, parece ter gostado bastante. Tanto que virou fã do Yoda (normal) e do C-3PO (acredite)!
Seis episódios depois, talvez pelo clima pré-novo filme, eu tive aquela sensação que esperava lá no passado. Como num passe de mágica (seria a Força?), aquilo tudo parecia bem mais legal do que já era. Deu para entender um pouco dos motivos para “Star Wars” ser o que é. Do nada, o “Episódio I” continuava ruim, mas um pouco mais “assistível”. “O Ataque dos Clones” parece bem mais interessante. E, apesar dos dez anos de atraso, conferi “A Vingança dos Sith”. E quer saber, filmão.
A Força despertou (COM SPOILERS)
Assim como o Cinemito citou no review do “Episódio VII”, eu também não ia acompanhar “Star Wars” no cinema há 16 anos. E desta vez, eu sabia a importância do que iria acompanhar. Era mais do que um filme. Era um evento. Tanto que dentro da sala, o silêncio imperou. Não teve ninguém cantarolando a música-tema (que mesmo assim, ficou na minha cabeça por dias) e nem aplausos. Mas dava para sentir um clima diferente. Não parecia só mais uma ida ao cinema. Era uma coisa maior.
Antes de entrar no cinema, pensei naquela frase, tão falada há semanas: “e se for ruim”. Mas não foi. Nem um pouco. J.J. Abrams fez valer o hype, entregando uma aventura clássica, divertida, e que sabe homenagear os filmes antigos e todos os personagens. É impossível não abrir um sorriso na primeira cena de Han e Chewie, no reencontro dele com Leia (e com o C-3PO) ou a tão esperada aparição de Luke.
A trilogia antiga funciona tão bem por ser extremamente simples. Por mais que tenha uma ou outra referência à política ou religião, no final, é apenas a batalha do bem contra o mal. E ter personagens extremamente carismáticos ajuda muito.
Já os filmes mais novos se perdem ao (tentar) apresentar uma trama complexa. Até porque todo aquele roteiro político é ignorado quando o sabre de luz é ligado. Além disso, os personagens não empolgam ninguém. Além do já citado Jar Jar Binks, temos uma rainha/senadora Amidala extremamente sem sal (e olha que eu sou fã da Natalie Portman) e o intragável Anakin, interpretado pelo ainda mais intragável Hayden Christensen.
Ainda bem que “O Despertar da Força” em nada lembra a trilogia nova, trazendo os elementos dos clássicos dos anos 70/80. Os personagens novos são incríveis. A Daisy Ridley/Rey já é a nova paixão dos nerds. John Boyega/Finn está ótimo como o Stormtrooper rebelde, que também funciona como o alívio cômico. Oscar Isaac (só para variar) também está muito bem como Poe Dameron.
E Kylo Ren, é, desde já, um dos vilões mais controversos de todos os tempos. Tem gente amaldiçoando o cara. Outros (tipo eu) viraram fãs do novo Sith. Extremamente poderoso (apesar de apanhar um bocado para o time do bem) e carismático. Tem presença tanto com quanto sem a máscara.
E sim, eu gostei da cena em que ele mata o Han. Ford já queria se despedir do seu personagem há mais de 30 anos. Pelo menos deu um propósito para isso. O roteiro cria uma situação (por mais previsível que pudesse ser) que cria, definitivamente, o vilão, e motiva os mocinhos.
E caralhos, que belo cliffhanger. Aposto que todo mundo saiu da sala satisfeito, e na espera pelo “Episódio VIII”. E acredito que agora que os personagens foram apresentados e caminho já foi pavimentado, as coisas mudarão bastante!
E que venha 2017!
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